A proposta de uma nova fórmula tarifária pelo presidente Donald Trump tem gerado polêmica mundial, marcando especialmente países em desenvolvimento sob um impacto severo. Com o objetivo declarado de equilibrar o comércio internacional, a fórmula usa o déficit comercial dos Estados Unidos em relação a outros países como base para a aplicação de tarifas recíprocas.
Essa fórmula se baseia em um cálculo simples: o déficit comercial americano com um determinado país é dividido pelas exportações desse país para os EUA, resultando em uma tarifa que, além de ser dividida pela metade, possui um piso mínimo de 10%. O resultado está resultando em tarifas abusivas para nações que já lutam com economias frágeis.
Nações como Madagascar, onde o PIB per capita gira em torno de apenas US$ 500, já se veem diante de uma tarifa exorbitante de 47% sobre suas exportações, incluindo produtos como baunilha, metais e vestuário. Essa medida poderá inviabilizar a capacidade do país de competir no mercado americano, exacerbando a pobreza e limitando as oportunidades econômicas para seus cidadãos.
Do outro lado do continente africano, Lesoto também está enfrentando dificuldades. A aplicação de uma tarifa de 50% poderá devastar o já vulnerável setor têxtil do país, que depende das exportações para a sobrevivência econômica de muitas famílias.
A adoção dessa fórmula tarifária não passou despercebida pelos economistas. Diversos especialistas apontam que a metodologia utilizada é falha, já que não considera as alíquotas reais cobradas pelos países envolvidos, além de apresentar inconsistências matemáticas. Um grupo conservador advoga que, caso essas inconsistências sejam sanadas, as tarifas acabariam reduzidas a um quarto do valor atualmente aplicado.
O renomado economista Alberto Cavallo, da Harvard Business School, enfatizou que a abordagem de Trump ignora a elasticidade dos preços, sugerindo que as tarifas poderiam ser até quatro vezes menores se essa variável fosse devidamente considerada.
A nova fórmula tarifária não afeta somente países pobres. A União Europeia, por exemplo, já se deparou com uma tarifa de 20% imposta pelo governo americano, uma quantia que é quatro vezes maior do que a média calculada pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Essa situação criou um ambiente tenso nas relações comerciais internacionais.
Num contexto de reações adversas, a China se posicionou contra e iniciou a imposição de tarifas adicionais sobre produtos americanos, além de restrições sobre as exportações de terras raras. Essas ações podem intensificar a guerra comercial já existente, colocando em risco o conceito de livre comércio e elevando o potencial de uma recessão econômica global.
O futuro do comércio internacional está em um momento delicado, e as decisões tomadas por líderes como Donald Trump terão repercussões de longo alcance que afetarão a dinâmica das relações comerciais globalmente.