Um congelamento de verbas federais imposto pela administração Trump, em abril de 2025, gerou um impacto significativo nas pesquisas agrícolas realizadas em universidades dos Estados Unidos, incluindo a UC Davis e outras instituições tradicionais de ensino. Essa suspensão, que afetou bilhões de dólares em financiamentos, resultou na paralisação de projetos cruciais que abordam genética de aves, cultivo de frutas e vegetais, bem como seguros para pequenas propriedades rurais.
A UC Davis, por exemplo, obteve cerca de $2,75 bilhões em verbas federais no ano fiscal de 2024, superando os $1,83 bilhões de fontes estaduais e privadas. Com o congelamento, a universidade enfrentou a impossibilidade de aceitar novos alunos de pós-graduação para o outono de 2025 devido a incertezas financeiras. Estudos essenciais, como aqueles focados em culturas resistentes a doenças, incluindo o combate à gripe aviária e à doença de Newcastle, estão em risco, o que pode comprometer tanto a missão educacional quanto a pesquisa futura em segurança alimentar.
Além do impacto nas universidades voltadas para a agricultura, a administração Trump também aplicou congelamentos em diversas universidades prestigiadas, resultando em cortes que somam bilhões de dólares. A Universidade de Harvard, por exemplo, enfrentou um congelamento de $2,2 bilhões após rejeitar demandas federais que visavam restringir a ativismo no campus e questões antissemitas. Cornell e Northwestern também foram afetadas, com congelamentos superando $1 bilhão e $790 milhões, respectivamente.
Essas ações fazem parte de uma agenda mais ampla da administração que busca aplicar o lema “América em Primeiro Lugar”, cortando programas considerados desalinhados com as prioridades federais, como iniciativas de diversidade. As universidades criticam esses congelamentos como coercitivos e questionáveis legalmente, argumentando que o devido processo nas leis de direitos civis não foi respeitado. O presidente de Harvard qualificou as demandas como uma “regulação governamental direta” além da autoridade legal, ressaltando o risco à inovação científica e à liberdade acadêmica.
Especialistas alertam que os congelamentos de financiamento ameaçam a liderança dos Estados Unidos em pesquisa e inovação. Economistas agrícolas e ecologistas destacam que a redução do financiamento público pode resultar em menores rendimentos agrícolas, em meio a pressões climáticas crescentes, aumentando a necessidade de assistência governamental aos agricultores. A suspensão de subvenções para pesquisas de defesa nacional, segurança cibernética e saúde em universidades como Cornell e Northwestern ainda adiciona mais riscos às inovações científicas fundamentais.
No cenário global, concorrentes como China e Brasil continuam a investir substancialmente em pesquisa e desenvolvimento agrícola, o que pode corroer a competitividade dos EUA em segurança alimentar e tecnologia. O tratamento dado pela administração Trump pode minar a própria infraestrutura de pesquisa que sustenta milhões de meios de vida e a vitalidade econômica da nação.
Juristas têm questionado a autoridade da administração Trump para impor congelamentos tão abrangentes sem seguir os trâmites legais necessários, como notificação ao congresso e revisão judicial. As universidades estão considerando desafios legais, afirmando que os congelamentos violam estatutos federais e proteções constitucionais. Enquanto isso, as instituições afetadas estão colaborando com investigações, mas enfrentam disfunções operacionais e incertezas sobre o futuro das verbas.
Líderes universitários enfatizam a importância de manter parcerias federais para sustentar pesquisas que podem mudar vidas e preservar a independência acadêmica. A crise de financiamento em curso destaca as tensões entre as prioridades políticas federais e as missões das universidades de pesquisa públicas e privadas nos Estados Unidos. O cenário continua em evolução, com desafios legais e negociações se desenrolando.