O acordo comercial celebrado entre a União Europeia e o Mercosul, que tem previsão de conclusão em dezembro de 2024, está enfrentando um cenário de intensa pressão para sua aprovação. As tensões econômicas globais, agravadas pela retomada de tarifas pelos Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, têm levado os dois blocos a intensificar suas negociações. O Brasil, especialmente, vê nesse contexto uma oportunidade para avançar um acordo que poderia estabelecer o maior bloco econômico do mundo, integrando mais de 700 milhões de pessoas e um PIB combinado que supera os 22 trilhões de dólares.
A França e a Irlanda permanecem como críticos do acordo, no entanto, há indícios de uma possível mudança de postura na elite política francesa. Cada vez mais, os líderes franceses percebem o acordo como uma estratégia necessária para manter a competitividade nos mercados globais diante das pressões exercidas pelos EUA. Este entendimento evolutivo pode abrir caminho para uma maior aceitação do acordo, considerando suas potencialidades.
O acordo tem a promessa de não apenas reduzir tarifas, mas também de facilitar o fluxo de investimentos entre os países envolvidos. Um dos principais benefícios esperados é a impulsão da economia verde e das transições energéticas, favoráveis tanto para a UE quanto para o Mercosul.
A Comissão Europeia discute submeter o acordo ao Parlamento Europeu e ao Conselho da UE até meados de setembro. A revisão legal do acordo e a tradução do texto estão em andamento, com atenção especial às preocupações dos Estados-membros. No Brasil, a missão liderada pela ApexBrasil e pelo Ministério das Relações Exteriores está em curso para acelerar a validação do acordo no cenário europeu.
Uma vez aprovado, o acordo poderá aumentar de forma significativa as exportações do Brasil para o mercado europeu, além de atrair um volume considerável de investimentos estrangeiros. A UE figura como a maior detentora de investimentos diretos no Brasil, sendo fundamental que a aprovação do acordo ocorra em um cenário de protecionismo iminente dos EUA e das incertezas quanto a uma possível recessão global. O sucesso da aprovação deste acordo é vital para fortalecer as relações e atividades comerciais entre os dois blocos.