O ministro da Previdência, Carlos Lupi, declarou nesta quarta-feira (23) que é o único responsável pela indicação de Alessandro Stefanutto à presidência do INSS. Stefanutto foi afastado após uma operação da Polícia Federal que apura desvios de até R$ 6,3 bilhões em benefícios previdenciários. A decisão judicial ocorreu no âmbito da operação "Sem Desconto", que cumpriu 211 mandados em diversos estados em busca de irregularidades nas concessões de aposentadorias.
Alessandro Stefanutto, servidor de carreira do INSS desde o ano 2000 e filiado ao PDT desde fevereiro, teve seu gabinete e residência alvo de buscas da PF. A investigação indicou que entidades sem estrutura física estavam envolvidas em falsificação de assinaturas para vincular aposentados e realizar descontos indevidos. Oito servidores foram afastados, e a Justiça determinou o bloqueio dos bens dos envolvidos.
Lupi reafirmou que Stefanutto "tem dado todas as demonstrações de ser exemplar" e que a sua indicação foi "de sua inteira responsabilidade". O ministro também prometeu "punir exemplarmente" todos os envolvidos nas irregularidades. No entanto, a recente filiação de Stefanutto ao PDT, partido de Lupi, gerou questionamentos sobre os critérios aplicados nas indicações.
A operação revelou fragilidades no sistema de concessão de benefícios. Há suspeitas de que o esquema de fraude ocorresse há vários anos. Carlos Lupi garantiu que o governo manterá o "direito de defesa" dos acusados, embora enfatize a urgência na adoção de "cuidados devidos" para melhorar a imagem do INSS. Este cenário ocorre em um período de intensos debates sobre reformas administrativas e a fiscalização no combate a fraudes na Previdência.
O caso reacendeu críticas sobre as indicações políticas para cargos técnicos. Especialistas consultados apontaram que é preciso maior transparência nas nomeações, especialmente em órgãos com alto poder de fiscalização. Enquanto isso, a defesa de Stefanutto permanece centrada em seu histórico como "servidor exemplar".
Esta situação marca um momento crítico para o INSS e para o Ministério da Previdência, levantando questões sobre como garantir a integridade nas nomeações de dirigentes em instituições de alta responsabilidade.