O ex-ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, atualmente preso no Rio de Janeiro, tem recebido visitas de parlamentares, autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Durante esses encontros, momentos de oração e troca de presentes marcam um cenário delicado, que se desenrola em meio a acusações de envolvimento em tentativa de golpe de Estado e articulações políticas em torno de um controverso projeto de anistia.
Desde que a prisão preventiva de Braga Netto foi decretada em 14 de dezembro de 2024, o general se encontra detido na 1ª Divisão do Exército, na Vila Militar, zona oeste do Rio de Janeiro. Após autorização do ministro Alexandre de Moraes no dia 10 de abril, parlamentares começaram a visitar o ex-ministro em grupos de até três pessoas, sendo que as visitas ocorrem com rigorosas restrições quanto ao uso de aparelhos eletrônicos e a presença de assessores ou imprensa. Dentre os visitantes mais recentes, destacam-se o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e os senadores Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Rogério Marinho (PL-RN) e Damares Alves (Republicanos-DF).
Na visita de Sóstenes Cavalcante, que durou cerca de 40 minutos, foi realizada uma oração do Pai-Nosso entre eles, e o deputado presenteou Braga Netto com o livro "Uma Vida com Propósitos – Para que Estou na Terra?" do autor Rick Warren. A obra aborda reflexões sobre o sentido da vida. Na conversa, o general parabenizou o parlamentar pela articulação do projeto de anistia a condenados pelo 8 de Janeiro, afirmando, ainda, confiar na Justiça e negando qualquer envolvimento na tentativa de golpe, mesmo após mais de 120 dias de prisão.
Em uma visita semelhante, o senador Hamilton Mourão também esteve presente por um período de aproximadamente 40 minutos, trazendo um livro sobre a Segunda Guerra Mundial intitulado "The generals – American Military Command from World War II to Today". O ex-vice-presidente expressou que este encontro simbolizava solidariedade e apoio moral, opinando que a continuidade da prisão preventiva por mais de quatro meses é irregular. Os senadores Rogério Marinho e Damares Alves também marcaram presença, com Damares se unindo ao general em orações durante a visita.
Braga Netto enfrenta graves acusações no STF, sendo réu por suposta participação em um plano de golpe de Estado ocorrido em 2022. Ele é acusado de organizar reuniões com militares para planejar ações golpistas e por tentar obstruir a Justiça ao buscar informações sigilosas. Além disso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) o associou a um plano denominado “Operação Punhal Verde e Amarelo”, que incluía assassinatos de autoridades, com destaque para o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes. A defesa do general rebate as acusações, classificando-as como “ilógicas e fantasiosas”, e negando qualquer envolvimento, descrevendo a situação como um "filme ruim e sem sentido".
Embora esteja preso, Braga Netto não vive em uma cela comum. Por ser um general de quatro estrelas, ele usufrui de um cômodo que conta com cama, banheiro exclusivo, ar-condicionado, geladeira e uma televisão com canais abertos. O general tem direito a uma hora diária de sol e realiza exercícios físicos, resultando, segundo relatos de visitantes, em uma perda de peso notável. Ele também aproveita o tempo livre para leitura, incluindo a Bíblia, o que indica um certo conforto em meio à adversidade.
O rodízio de visitas a Braga Netto continua sob as diretrizes do STF, permitindo a presença de até três parlamentares por dia, sendo que dispositivos eletrônicos são estritamente proibidos. As próximas visitas estão programadas para a quinta-feira, 17, onde Damares Alves, Hamilton Mourão e Rogério Marinho se reunirão novamente com o general. É importante notar que, conforme decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele permanece inelegível até 2030, e a sua prisão preventiva se estende enquanto os processos judiciais continuam em andamento.
Este conjunto de visitas, orações e presentes não apenas realça o apoio político e religioso ao general Braga Netto, mas também acentua o pano de fundo de um processo judicial complexo em meio a acusações graves e discussões sobre o futuro político do país.