O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tornou-se o foco de intensas críticas e questionamentos na imprensa internacional. Sua atuação à frente da Corte brasileira está no centro de um debate global sobre o papel do Judiciário, especialmente no que diz respeito ao julgamento de ex-presidentes e à concentração de poderes no STF.
Recentemente, a revista britânica *The Economist* destacou a crise de confiança enfrentada pelo STF, apontando Moraes como um exemplo dos "poderes excessivos" dos ministros da Corte. O artigo descreve Moraes como um "juiz estrela" com considerável influência, principalmente nos casos mais sensíveis. O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe após as eleições de 2022, é um dos pontos críticos que aumentam as preocupações sobre a imparcialidade da Corte, principalmente porque dois dos cinco ministros que compõem a Primeira Turma têm ligações políticas com o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
A *The Economist* também abordou a ausência de um código de ética no STF, criticando as declarações de Moraes que rejeitam a necessidade de tal normatização. O chamado "Gilmarpalooza", um evento jurídico que reúne figuras influentes com interesses em causas no Supremo, foi citado como um exemplo de possíveis conflitos de interesse, levantando ainda mais questões sobre a transparência e os padrões éticos da instituição.
Além disso, nos Estados Unidos, surgem alegações falsas de que Moraes teria sido condenado por uma corte americana por violar direitos humanos. O projeto de checagem de fatos Comprova desmentiu tais informações, esclarecendo que elas são baseadas em interpretações distorcidas de discursos e audiências na Câmara dos Representantes dos EUA, onde a deputada Maria Elvira Salazar criticou o ministro. Não existe qualquer condenação formal contra Moraes em tribunais internacionais, e a Advocacia-Geral da União (AGU) se encontra atuando em sua defesa.
No Brasil, Moraes também tem despertado reações intensas. Parlamentares da oposição pedem medidas humanitárias para presos relacionados às manifestações de 8 de janeiro de 2023, sob sua jurisdição. Entretanto, o ministro tem mantido uma postura rigorosa, com decisões que negam saídas temporárias para estudo ou trabalho, além de multar figuras públicas que desrespeitam ordens judiciais.
A cobertura internacional e as discussões domésticas refletem um momento crítico para o STF e para a Justiça brasileira. A concentração de poderes em figuras como Moraes, a condução de processos políticos e a falta de um mecanismo claro de ética judicial prejudicam a confiança da população e da comunidade internacional no sistema judiciário brasileiro. Especialistas e a mídia global observam esta situação cautelosamente, enxergando o Brasil como um exemplo das dificuldades enfrentadas por democracias que buscam consolidar instituições independentes e imparciais.
Esse cenário multifacetado coloca Alexandre de Moraes no epicentro de um debate crucial sobre o equilíbrio entre poder, justiça e democracia no Brasil, cujas repercussões se estendem além das fronteiras nacionais.