O vírus oropouche está se espalhando rapidamente nas Américas, provocando preocupação nas autoridades de saúde com um número significativo de casos registrados, especialmente no Brasil. Até março de 2025, o país contabilizou quase 3 mil infecções, com a maioria concentrada no estado do Espírito Santo.
Identificado pela primeira vez no Brasil em 1960, o vírus oropouche é um arbovírus pertencente ao gênero Orthobunyavirus. Inicialmente restrito à região amazônica, sua propagação para outras áreas do país preocupa especialistas, uma vez que os sintomas podem incluir dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia, semelhantes aos da dengue.
A transmissão do vírus ocorre principalmente através do mosquito Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim ou mosquito-pólvora. Em ambientes urbanos, também é possível a transmissão por mosquitos do gênero Culex. Um estudo indicou que as infecções por oropouche estão significativamente subestimadas nas Américas, com aproximadamente 6% das amostras de sangue testadas apresentando resultados positivos ao longo de duas décadas.
Eventos climáticos extremos, como chuvas intensas e altas temperaturas, têm sido relacionados ao aumento da incidência do vírus. A crise climática atua como um facilitador, expandindo a presença dos insetos vetores e, consequentemente, elevando o risco de infecção. Autoridades de saúde recomendam evitar áreas com alta ocorrência de vetores, utilizar repelentes e usar roupas que cobrem o corpo como formas de prevenir a doença.
Com a adaptação do vírus a novos ambientes e populações, existe uma preocupação crescente sobre o potencial de surtos ainda maiores no futuro. Especialistas solicitam maior atenção dos governos para que estratégias de vigilância e pesquisa em vacinas sejam desenvolvidas de forma abrangente. O histórico da epidemia do zika, que alterou seu comportamento ao incidir em grandes centros urbanos, serve como alerta para possíveis desdobramentos do oropouche.