Em um movimento significativo para a Síria, o presidente Ahmed al-Sharaa anunciou no dia 29 de março de 2025 a formação de um novo governo de transição. Essa iniciativa marca um passo crucial na reconstrução do país após a queda do regime de Assad, que ocorreu em dezembro de 2024. O novo gabinete, composto por 23 ministros, tem como foco principal a reconstrução das instituições estatais, a proteção dos cidadãos e a promoção da estabilidade em um território que, por mais de uma década, foi devastado por uma guerra civil incessante.
Al-Sharaa, que anteriormente liderou o grupo rebelde Hayat Tahrir al-Sham, revela suas intenções de unificar a Síria, abordando desafios diários, incluindo os setores de saúde e energia. A nova estrutura governamental, que aboliu a posição de primeiro-ministro, coloca al-Sharaa na liderança dos poderes executivo e estatal, consolidando seu papel no comando do governo.
A composição do novo governo é notável por sua diversidade, com a inclusão de ministros de diferentes origens étnicas e religiosas. Entre os nomes destacados estão Hind Kabawat, uma ativista cristã, e Mohammed Terko, um curdo sírio, ambos assumindo cargos significativos. Essa estratégia de diversidade e inclusão visa não apenas refletir a pluralidade da sociedade síria, mas também construir um governo que represente uma ampla gama de interesses e necessidades da população.
O governo de al-Sharaa enfrenta uma série de desafios críticos, sendo a reconstrução da infraestrutura do país um dos principais. A revitalização da economia, que sofreu danos profundos devido à guerra, e a promoção da segurança e estabilidade são igualmente prioritárias. Para isso, o governo está empenhado em atrair investimentos estrangeiros, o que é vital para a recuperação econômica.
Uma resposta às crises recorrentes é a criação do Ministério de Emergência e Gestão de Desastres, liderado por Raed al-Saleh, ex-líder dos White Helmets. Este ministério terá um papel crucial na administração de futuras situações de emergência, preparando o país para diferenças climáticas e desastres naturais que podem surgir durante o processo de reconstrução.
O surgimento do novo governo ocorre em um momento em que a Síria procura restabelecer relações internacionais, especialmente com nações ocidentais. A presença de membros de grupos minoritários no governo pode simbolizar um passo em direção a uma maior abertura e diversidade, o que poderia, em teoria, contribuir para a redução das sanções econômicas que o país enfrenta. Contudo, uma lacuna importante se destaca: a ausência de representantes das Forças Democráticas Sírias (SDF) no novo governo, apesar de um recente acordo entre al-Sharaa e o comando das SDF que visava um cesse-fogo e a integração militar.
Enquanto o país tenta reerguer-se das cinzas da guerra, o novo governo de al-Sharaa pode representar uma nova esperança, mas os desafios são, sem dúvida, imensos e exigirão medidas decisivas e eficazes para alcançar a paz e a estabilidade duradouras.