O cenário em "Little Myanmar", bairro de Nova Taipei, Taiwan, revela um clima de intensa preocupação entre a comunidade sino-birmanesa, após a tragédia causada por um terremoto devastador de magnitude 7.7 que abalou Mianmar na última sexta-feira. Com cerca de 50.000 pessoas de ascendência sino-birmanesa vivendo na ilha, a urgência por notícias de familiares que residem nas áreas afetadas, especialmente em Mandalay, onde os danos foram severos, é palpável.
Win Win, uma residente da região, expressou seu desespero ao dizer: "Falamos ontem à noite, mas hoje não consigo entrar em contato. Estou muito assustada por eles." Essa angústia reflete a realidade de muitos que, como ela, mantém laços profundos com suas raízes e familiares no país devastado pelo desastre.
A presença da comunidade birmanesa em Taiwan remonta ao final da guerra civil chinesa, em 1949, quando soldados da República da China se refugiaram na Birmânia. Desde então, diversas ondas de imigração ocorreram, incluindo aquelas de birmaneses que escaparam da repressão ou sentiram o crescimento do sentimento anti-chinês em suas terras natais.
A cidade de Mandalay, em particular, foi severamente atingida pelo terremoto. Essa localidade não apenas abriga uma grande população étnica chinesa, mas também possui conexões afetivas significativas com Taiwan. Diante da magnitude da catástrofe, os taiwaneses de origens birmanesas estão em um estado alarmante de incerteza, esperando desesperadamente por informações sobre o bem-estar de seus entes queridos. O governo de Taiwan, ao oferecer ajuda humanitária, aguarda uma resposta que, até o momento, ainda não chegou.
Yee Yu Nai, outra residente de "Little Myanmar", expressou suas ansiedades em relação a sua irmã em Mandalay. "Sei que a casa dela está bem, pois foi recentemente construída, mas a rua está muito danificada," confidenciou. Para muitos, a instabilidade política em Mianmar intensifica as preocupações sobre a segurança e a integridade de seus familiares.
Em resposta à crise, escolas em Taiwan estão se mobilizando para oferecer apoio emocional a estudantes birmaneses afetados. Conselheiros escolares iniciarão contatos com esses alunos a fim de ajudá-los a lidar com o estresse e a ansiedade causados pela tragédia. Essas iniciativas demonstram a solidariedade e a empatia da sociedade taiwanesa com aqueles que sofreram com as consequências do desastre.
Além de esforços locais, a situação em Mianmar e a resposta da comunidade em Taiwan refletem uma teia de vínculos que transcendem fronteiras, alimentando esperanças de resiliência e união em tempos de crise.