Os discursos dos ministros empossados na última segunda-feira (10) no Palácio do Planalto foram marcados por um forte tom político e reflexões sobre a gestão de Jair Bolsonaro (PL). As falas revelaram a influência das orientações de Sidônio Palmeira, atual titular da Secretaria de Comunicação Social (Secom), que se tornaram um guia para a administração petista. O novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, dedicou cerca de 25 minutos em sua fala, seguindo a risca a abordagem sugerida por Palmeira para aprimorar a imagem do governo junto à população.
Durante a cerimônia, Gleisi Hoffmann, que assume a Secretaria de Relações Institucionais, manifestou seu compromisso em colaborar com o ministro da Economia, Fernando Haddad, na implementação de pautas econômicas relevantes. Ao se referir à sua meta principal, Padilha comentou: "Chego com a obsessão de reduzir o tempo de espera no atendimento".
A nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, por sua vez, mencionou a campanha "sistemática e misógina" que sofreu durante seu tempono cargo. Após seu discurso mais protocolar, o tom de Padilha tornou-se mais combativo, fazendo comparações diretas à gestão anterior, atacando a extrema direita e relembrando o que chamou de "negacionismo" sobre vacinas. Ele referenciou ainda o filme “Ainda Estou Aqui” em sua argumentação.
Na sequência, Gleisi seguiu essa linha, mas elevou a temperatura de sua fala. Ela recordou seu passado militante no PCdoB, defendeu publicamente a primeira-dama Janja da Silva dos ataques misóginos e trouxe à tona a "trama golpista" que está sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar das críticas, Gleisi fez uma série de gestos que indicavam uma vontade de reconciliação.
A parte final de sua fala demonstrou uma mudança de abordagem, onde ela se comprometeu a consolidar a agenda econômica proposta por Haddad e a estabelecer uma relação respeitosa, transparente e solidária com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Essa mudança de tom sugere que, apesar das polarizações, há um esforço em buscar a harmonia política e a colaboração entre os poderes.
Esses discursos refletem não só a estratégia atual do governo Lula, mas também evidenciam a intensidade das críticas ao passado e a disposição em enfrentá-las, mostrando uma clara intenção de direcionar o foco para as questões que impactam diretamente a população.