Um levantamento realizado pela Palver em grupos de WhatsApp revelou um aumento significativo nas mensagens sobre a possível apreensão do passaporte do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Essa crescente atenção ocorreu durante o período em que o filme Ainda Estou Aqui conquistou um prêmio histórico no Oscar.
As mensagens, que incluem notícias-crime de parlamentares do PT, foram intensamente compartilhadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O monitoramento mostrou um impressionante crescimento de 1000% nas discussões relacionadas ao passaporte em apenas três dias, particularmente no fim de semana da premiação.
O pico de compartilhamentos ocorreu na segunda-feira, após a entrega do Oscar ao diretor Walter Salles pelo prêmio de melhor filme internacional. Nesse dia, foram registradas 107 mensagens sobre a apreensão do passaporte de Eduardo por 100 mil conteúdos analisados.
Esse volume de interações foi quase dez vezes maior do que o observado em 28 de fevereiro, quando se tornaram públicas as notícias de que os deputados Lindbergh Farias (RJ) e Rogério Correia (PT-MG) pediram investigações contra Eduardo por sua suposta articulação com políticos americanos em relação ao STF. No sábado (1), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, estabeleceu um prazo de cinco dias para que a Procuradoria-Geral da República analisasse o caso.
Ainda não houve uma decisão ou parecer sobre o pedido, mas já é tratado pelos bolsonaristas como uma “perseguição política” do Judiciário. O levantamento da Palver também apontou uma mobilização entre os apoiadores de Eduardo para pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a se manifestar sobre o assunto.
No dia da cerimônia do Oscar, Jair Bolsonaro utilizou suas redes sociais para criticar a possível apreensão do passaporte do filho, alegando que seria um subterfúgio para impedir que Eduardo assumisse a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. O PT e outros partidos estão articulando para que o cargo não fique sob comando de um bolsonarista, optando por alguém do PSDB, como aconteceu nos últimos dois anos.
A vitória do filme Ainda Estou Aqui foi amplamente celebrada nas redes sociais, com manifestações de apoio de diversas lideranças políticas e autoridades do Judiciário. Entre os que celebraram estão Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre (União-AP), além do presidente do STF, Luís Roberto Barroso.
No entanto, governadores alinhados a Jair Bolsonaro, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Junior (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG), não se manifestaram publicamente sobre a conquista do cinema brasileiro. Essa situação gera debates acalorados nas redes, refletindo o cenário político polarizado no Brasil.