A presidente do Peru, Dina Boluarte, fez uma grave acusação nesta segunda-feira (3), alegando que o Ministério Público do país está em uma tentativa de golpe contra seu governo, supostamente em conluio com vários meios de comunicação. Essa declaração foi feita após uma operação onde membros do ministério invadiram a residência do ministro do Interior, Juan José Santiváñez, que está sob investigação por um suposto abuso de autoridade. O ministro nega as acusações feitas contra ele.
Durante uma reunião com seu gabinete, Boluarte declarou: “Eles podem invadir as casas de todos os ministros se quiserem. Eles podem invadir os gabinetes de todos os ministros se o Ministério Público assim decidir, pois está jogando duro com essa má imprensa, para dar um golpe de Estado branco. Agora, os golpes de Estado não vêm mais do Exército, mas do Ministério Público.” Essa fala foi exibida em um contexto de crescente tensão entre o governo e a instituição de justiça.
A operação na casa de Santiváñez foi confirmada pelo próprio ministro, que falou com diversos veículos de comunicação locais, afirmando que a ação era parte de uma investigação mais ampla da Procuradoria-Geral da República sobre o alegado abuso de autoridade. Notavelmente, em agosto de 2024, os promotores iniciaram uma investigação relacionada a uma afirmação de que Santiváñez teria instruído um chefe de polícia a "controlar" um jornalista que estava cobrando as ações do ministério – uma acusação que ele nega veementemente.
A CNN procurou o ministro e seus advogados em busca de mais informações, assim como o Ministério Público, mas até o momento não obteve resposta. Ademais, a entidade não se manifestou publicamente sobre a operação na residência do ministro.
As críticas de Boluarte ao trabalho da Procuradoria-Geral são recorrentes, uma vez que a instituição abriu diversas investigações contra ela e alguns voluntários próximos, apoiadas em alegações que a presidente descreve como perseguição política.
A Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANP) repudiou as declarações de Boluarte, onde ela insinuou que a mídia estaria colaborando com a Procuradoria para realizar o que ela definiu como um "golpe de Estado". Segundo a ANP, este é o ataque mais sério que a presidente fez contra a imprensa desde que assumiu o cargo. O sindicato destacou em um comunicado: “As declarações da presidente Boluarte não apenas aprofundam seu histórico de ataques e estigmatização contra o jornalismo, mas também marcam uma escalada perigosa ao apontar a mídia como cúmplice de um ataque ao Estado de direito.”
A CNN também buscou uma declaração da Presidência peruana em resposta ao comunicado da ANP, mas permanece sem uma resposta oficial até o momento.
A crise política no Peru é profunda e complexa, envolvendo uma série de eventos recentes que geraram protestos e turbulências sociais. Neste panorama, a figura do governo e suas relações com a Justiça e a mídia são frequentemente desafiadas, levando líderes a fazer acusações mútuas. As tensões atuais foram exacerbadas por ações da Procuradoria que visam investigar diversas figuras políticas, levando a um clima de incerteza e polarização.
Boluarte, desde que assumiu o poder, se viu na posição de defender sua administração de constantes investigações e críticas. As suas acusações contra o Ministério Público refletem a sua luta em manter a estabilidade governamental em um ambiente repleto de desconfiança e incerteza.
Agora, a sociedade espera uma resolução para as tensões existentes e um esclarecimento dos órgãos envolvidos, a fim de restaurar a confiança nas instituições peruanas.
O panorama político no Peru segue instável e a situação deverá ser acompanhada de perto por cidadãos e analistas, à medida que novas reviravoltas se desenrolam nesta crise.