A 97ª edição do Oscar, realizada no último domingo (2), além de celebrar as grandes produções do cinema, também se transformou em um espaço para que artistas e produtores manifestassem suas opiniões acerca de questões políticas atuais. Embora não tenha havido protestos de grande escala, a cerimônia foi impregnada de referências a conflitos em Gaza e na Ucrânia, além de tópicos como a ditadura militar no Brasil e a crise dos refugiados nos Estados Unidos.
Durante a entrega do prêmio de Melhor Filme Internacional por Ainda Estou Aqui, o renomado diretor Walter Salles prestou uma homenagem especial a Eunice Paiva, cujos esforços em busca da verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, na ditadura militar brasileira, inspiraram o filme. “Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande no regime autoritário, decidiu não se dobrar e resistir. Esse prêmio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva”, declarou Salles, abrindo espaço também para agradecer a Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.
Zoe Saldaña, ao receber o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por seu desempenho em Emilia Pérez, prestou uma homenagem à sua avó e à sua herança imigrante. “Sou uma filha orgulhosa de pais imigrantes com sonhos, dignidade e mãos trabalhadoras. E sou a primeira americana de origem dominicana a receber um Oscar, e sei que não serei a última”, afirmou a atriz, ressaltando a importância de sua cultura e seu papel na indústria cinematográfica.
A atriz Daryl Hannah, conhecida por seu papel em Kill Bill, destacou-se ao apresentar o prêmio de Melhor Edição. Ao subir ao palco, fez um sinal de paz e exclamou: “Slava Ukraini!”, uma frase que se traduz como “Glória à Ucrânia!”, reflexo de apoio à luta do país contra a invasão russa.
Embora tenha dito que não faria comentários políticos, o anfitrião Conan O’Brien não pôde deixar de lançar uma crítica sutil ao se referir ao principal vencedor da noite, o filme Anora. O’Brien comentou: “Acho que os americanos estão animados para ver alguém finalmente enfrentar um russo poderoso”. A obra mostra a luta de uma mulher contra oligarcas russos, evocando um contraste com a recente relação amigável entre Donald Trump e Vladimir Putin.
Peter Straughan, roteirista de Conclave, também fez uma declaração política ao receber seu prêmio de Melhor Roteiro Adaptado, usando um broche com as cores da bandeira ucraniana, apoiando os esforços de resistência do país.
O documentário No Other Land, que ganhou o prêmio de Melhor Documentário, trouxe um tom político significativo à cerimônia. Colaboração entre cineastas palestinos e israelenses, o filme foca na resistência palestina e retrata a luta do ativista Basel Adra. Durante seu discurso de aceitação, ele expressou sua esperança de que sua filha não enfrente os mesmos desafios que ele: “Minha esperança para minha filha é que ela não tenha que viver a mesma vida que estou vivendo agora.”
O ator Guy Pearce, indicado a Melhor Ator Coadjuvante por The Brutalist, também trouxe à tona questões políticas ao usar um broche “Free Palestine” na lapela de seu terno. Em uma entrevista dada ao New York Times, Pearce declarou: “Estou sempre tentando conscientizar sobre a Palestina porque ela precisa do máximo de apoio possível”.
Esses momentos do Oscar 2025 mostram como a indústria do entretenimento continua sendo uma plataforma poderosa para discutir e trazer à luz questões sociais e políticas relevantes.
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