A crise humanitária em Gaza se agrava com a morte de seis bebês vítimas de hipotermia desde o último domingo (23), conforme relataram as autoridades de saúde locais. O Dr. Saeed Salah, diretor médico do Hospital Patient’s Friends Benevolent Society (PFBS), localizado no norte da região, descreveu a situação como um verdadeiro “desastre” diante do aumento no número de recém-nascidos sofrendo com o frio intenso.
Em um período de apenas duas semanas, oito bebês foram internados no centro médico de Gaza devido a hipotermia. Desse total, três necessitaram de cuidados na unidade de terapia intensiva, enquanto outros três não sobreviveram após algumas horas de internação. O Dr. Salah confirmou que, na noite de terça-feira (25), um bebê com apenas 69 dias de vida faleceu também devido a essa condição. Outros dois recém-nascidos morreram com sintomas de hipotermia no Hospital Nasser, em Khan Younis, segundo profissionais de saúde que conversaram com jornalistas.
O Dr. Salah enfatizou a urgência da situação, destacando a necessidade crítica de mais ajuda humanitária na forma de caravanas, tendas e combustível para aquecer a população afetada. “Esses suprimentos poderiam evitar que desastres como esse se repetissem e protegeriam os bebês de hipotermia e congelamento”, afirmou.
A atual ofensiva militar de Israel, que se intensificou após os ataques do Hamas em 7 de outubro, tem causado enormes impactos. Os dados do Ministério da Saúde de Gaza indicam que, até agora, mais de 48.348 palestinos perderam a vida e 111.761 ficaram feridos. Os sobreviventes enfrentam um cenário arrasador, buscando reconstruir suas comunidades devastadas, enquanto um sistema de saúde colapsado agrava a crise devido à fome, deslocamento e doenças.
Atualmente, apenas 20 dos 35 hospitais estão funcionando parcialmente, conforme informou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU. O Hamas, por sua vez, tem acusado Israel de bloquear a entrada de ajuda humanitária na região, um ponto que foi negado pelas autoridades israelenses. De acordo com o Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios de Israel (COGAT), 4,2 mil caminhões transportando ajuda humanitária conseguiram entrar em Gaza na semana anterior, conforme os termos do cessar-fogo.
Histórias emocionantes emergem desse contexto. No Hospital Nasser, uma mãe palestina cuida de seu bebê Yousaf Al-Najjar, que tem apenas dois meses e está lutando contra a hipotermia. A mãe declarou à CNN: “Coloquei meus lábios em seu rosto e pés, e eles ficaram congelados. Crianças estão sendo trazidas mortas por causa do tempo frio”. A família, que se encontra em um abrigo improvisado com aproximadamente 15 parentes, está vivendo uma situação angustiante sem apoio adequado.
O bebê Yousaf, que nasceu prematuro pesando apenas dois quilos, está em uma situação vulnerável, conforme relatou a pediatra Dra. Fida’a Al-Nadi. Ela explicou: “Todos os dias lidamos com crianças [sofrendo] de hipotermia, muitas delas morrem”. A médica enfatizou que o problema não reside nas condições do hospital, mas sim nas extremas circunstâncias em que os recém-nascidos estão vivendo, seja em tendas ou em moradias destruídas.
Com a guerra em Gaza, uma quantidade alarmante de palestinos acabou sendo deslocada. De acordo com a ONU, cerca de 1,9 milhão de pessoas se tornaram refugiadas, muitos buscando abrigo em áreas externas, vivendo em tendas feitas de tecido e náilon, sem acesso a aquecimento ou eletricidade. Em um ambiente tão adverso, recém-nascidos e crianças de até três meses estão entre os mais afetados, enfrentando riscos de infecções respiratórias e outras doenças, ressaltou o Dr. Munir Al-Bursh, diretor-geral do Ministério da Saúde no enclave.
Fikr Shalltoot, diretor da ONG Ajuda Médica para Palestinos, declarou que as mortes dos seis bebês são um reflexo direto das restrições impostas por Israel à entrada de ajuda humanitária. “Recém-nascidos não deveriam estar morrendo de hipotermia em Gaza. Esta não é uma tragédia da natureza, mas uma crise provocada pelo homem”, afirmou Shalltoot, enfatizando que a chegada de suprimentos adequados poderia evitar essas mortes trágicas.
À medida que a situação em Gaza se torna cada vez mais desesperadora, há uma necessidade urgente de ação imediata. Caravanas de ajuda e um foco renovado nas condições de vida das famílias em situação de vulnerabilidade são essenciais para impedir que mais vidas sejam perdidas. A comunidade internacional precisa se mobilizar para proporcionar o apoio necessário e aliviar a dor e o sofrimento da população palestina.
Esta é uma chamada para todos aqueles que se importam com a vida e o bem-estar das crianças em Gaza. Compartilhe esta mensagem, comente e ajude a aumentar a conscientização sobre esta crise humanitária que não pode ser ignorada.