O Procon de Porto Alegre anunciou uma investigação sobre o crescente problema das robocalls, ligações automatizadas que têm incomodado os cidadãos e se tornado uma porta de entrada para golpes. O objetivo é identificar as práticas utilizadas por aquelas empresas que burlam o sistema e testar a eficácia das medidas de proteção existentes.
As robocalls são chamadas feitas por sistemas automatizados, geralmente em alta frequência, e têm como intuito verificar a operação de números de telefone. Dados da Anatel indicam que aproximadamente 10 bilhões de ligações são realizadas mensalmente no Brasil, muitas dessas apenas para testar a atividade de linhas – uma prática conhecida como "prova de vida".
Essas ligações são feitas através de computadores que geram números aleatórios, proporcionando chamadas de curta duração, normalmente limitadas a 10 segundos, o bastante para verificar se o usuário atende ou não. Para tornar as chamadas mais difíceis de serem rastreadas, empresas de telemarketing frequentemente falsificam números, levando os cidadãos a atenderem ligações indesejadas, agravando ainda mais a situação.
A investigação do Procon foi motivada por uma reportagem do programa Fantástico, que expôs a complexidade do esquema das robocalls. O diretor-executivo do Procon, Wambert di Lourenzo, destacou que a entidade irá solicitar colaboração da polícia para aprofundar as investigações. Esta decisão visa responsabilizar as empresas que operam fora da legislação e protegem os consumidores contra ações fraudulentas.
A tarefa de combater as robocalls não é simples. Tentativas de bloqueio de números, por exemplo, se mostram ineficazes, pois essas empresas usam uma infinidade de números para realizar as ligações, o que dificulta a vida dos usuários. A empresária Rosaura Dutra relatou sua luta diária contra as mais de 40 ligações automatizadas que recebe, exemplificando a frustração enfrentada por muitos na atualidade.
Embora a investigação do Procon represente um passo significativo na luta contra essas práticas enganosas, é essencial que os consumidores estejam cientes dos riscos que vêm com as robocalls. A proteção contra fraudes e golpes depende não apenas de ações governamentais, mas também da colaboração entre as autoridades de consumo e uma sociedade que se mantém informada e vigilante.