A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), um novo partido de esquerda criado em 2024 por Sahra Wagenknecht, não conseguiu superar a cláusula de barreira de 5% nas eleições federais da Alemanha, ficando com 4,972% dos votos de legenda. Com isso, a BSW não poderá formar uma bancada no Bundestag, o Parlamento alemão.
A derrota foi por uma margem estreita, com apenas 13 mil votos abaixo do necessário para garantir a sua presença na casa legislativa. O partido não conquistou nenhum deputado por voto direto, o que significaria que ao menos três representantes seriam necessários para evitar a cláusula de 5%.
Wagenknecht comentou sobre o resultado, afirmando: "É uma derrota, mas não o fim da BSW", mesmo antes da divulgação oficial dos resultados.
O desempenho da BSW foi observado com atenção pelo bloco conservador composto pela União Democrata-Cristã (CDU) e pela União Social Cristã (CSU). Este bloco se destacou ao conquistar 28,6% dos votos, enquanto a BSW poderia ter influenciado a composição da próxima legislatura se tivesse ultrapassado a cláusula. A possibilidade de uma BSW no Parlamento poderia complicar as negociações para formar uma aliança com o Partido Social-Democrata (SPD), que obteve a terceira colocação nas eleições.
A BSW surgiu de uma dissidência do partido A Esquerda (Die Linke). Antes do seu lançamento, Wagenknecht havia sido um ícone da antiga legenda, que se formou em 2007 a partir de remanescentes do partido comunista da Alemanha Oriental e uma ala mais à esquerda que se separou do SPD. A origem da própria Wagenknecht, nascida na antiga Alemanha Oriental, reflete uma trajetória política marcada por sua identidade mista, filha de mãe alemã e pai iraniano.
O novo partido tinha um apelo diferenciado, buscando atrair tanto a classe trabalhadora que se desviou para a Alternativa para a Alemanha (AfD) quanto aqueles descontentes com a política tradicional. Com uma agenda que se posicionava de maneira esquerdista em questões econômicas, mas mais alinhada com a ultradireita em temas como imigração e diversidade, a BSW pretendia ser uma alternativa em um cenário político polarizado.
Antes de sua estreia nas eleições federais, a BSW já havia demonstrado força, conseguindo 6,1% dos votos nas eleições europeias de 2024 e formando bancadas estaduais em regiões como Saxônia, Turíngia e Brandemburgo, onde fez parte de coalizões.
Enquanto analistas previam que a nova legenda pudesse frustrar as expectativas do A Esquerda, o clima político começou a mudar com vídeos virais favorecendo o partido original e desestabilizando o crescimento da BSW. A líder do partido atribuiu a baixa na intenção de votos a uma suposta sabotagem da mídia. No entanto, pesquisas indicaram que Wagenknecht tinha uma presença expressiva em canais de TV durante a campanha.
Para complicar ainda mais a situação da BSW, o A Esquerda, que havia sido marginalizado anteriormente, não apenas superou a cláusula de barreira, mas conquistou 8,8% dos votos e elegeu seis deputados por voto direto. Esse resultado acentuou a percepção de que a BSW precisava rever sua estratégia e abordagem.
O desempenho abaixo do esperado na eleição federal pode representar um grande revés para a BSW, que quando criada, tinha expectativas de rivalizar com sua antiga legenda, o A Esquerda. A luta contínua de Wagenknecht contra a imigração e suas críticas ao que denomina "esquerdistas de estilo de vida" ressoaram com parte do eleitorado, mas não foram suficientes para garantir uma vitória.
No entanto, ela continua afirmando que a BSW não desaparece da cena política, o que abre um debate sobre o futuro do partido e seu potencial para se reinventar. As próximas eleições e a maneira como a BSW irá se adaptar ao feedback dos eleitores serão cruciais para determinar se o partido terá um lugar significativo na política alemã.
O resultado da BSW simboliza também um momento de reflexão sobre as divisões e desafios dentro da esquerda alemã, refletindo um cenário político em constante evolução. Os eleitores agora observam como Wagenknecht e sua legenda responderão a este revés e quais serão os próximos passos na busca por influência na política do país.