Os Estados Unidos apresentaram uma proposta de Resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) referente ao conflito entre Rússia e Ucrânia, após decidirem não apoiar uma Resolução elaborada por Kiev e respaldada por países europeus. Este conflito teve início em fevereiro de 2022 e, em um comunicado emitido nesta sexta-feira (21), o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, caracterizou a proposta como “uma Resolução simples e histórica… que pedimos a todos os Estados-membros a apoiar, com o objetivo de estabelecer um caminho para a paz”. O projeto de Resolução dos EUA, que foi analisado pela CNN, não inclui nenhuma condenação explícita à Rússia no papel de agressora nesse embate, nem aborda a integridade territorial da Ucrânia.
Rubio afirmou: “Esta Resolução é coerente com a visão do presidente Donald Trump, segundo a qual a ONU deve retornar ao seu propósito original, conforme estabelecido na Carta da ONU, que é preservar a paz e a segurança internacionais, incluindo a resolução pacífica de conflitos”. Ele acrescentou que, se as Nações Unidas realmente se comprometem com esse objetivo inicial, é essencial reconhecer que, mesmo diante de desafios, a busca por uma paz duradoura continua a ser viável. “Apoiar esta Resolução é afirmar que este conflito é devastador e que a ONU pode contribuir para seu encerramento, além de que a paz é alcançável”, completou.
O projeto de Resolução apresentado pelos EUA é conciso. Nele, lamenta-se “a trágica perda de vidas durante a guerra entre Rússia e Ucrânia” e faz-se um apelo por um término rápido do conflito, além de requisitar uma paz duradoura entre ambos os países. Esta proposta surge num contexto em que o presidente dos EUA, Trump, aumentou seu antagonismo em relação ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e em meio ao receio crescente entre europeus e ucranianos de que suas necessidades possam ser deixadas de lado nas negociações com a Rússia. Esse acontecimento também coincide com uma semana em que se realizam discussões entre os países do Grupo dos Sete (G7), composto por nações mais desenvolvidas do mundo, incluindo Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, sobre uma declaração unificada acerca da guerra, em que os EUA resistiram a incluir qualquer menção à “agressão russa”.
A invasão da Ucrânia pela Rússia teve início em fevereiro de 2022, com ataques por três frentes: a partir da fronteira russa, da região da Crimeia e de Belarus, que é um aliado próximo do Kremlin. Nos primeiros dias do conflito, as tropas leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram conquistas significativas, mas as forças ucranianas conseguiram manter o controle sobre sua capital, Kiev, que também sofreu ataques. Essa invasão foi amplamente condenada pela comunidade internacional, e o Kremlin enfrentou sanções econômicas severas do Ocidente. Em outubro de 2024, após um elevado número de mortes, a guerra na Ucrânia alcançou um que é descrito pelos analistas como o momento mais crítico até agora. As tensões aumentaram quando Putin pediu o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante uma ofensiva em solo ucraniano. Embora esse projétil tenha sido lançado com ogivas convencionais, ele possui a capacidade de carregar materiais nucleares.
A ofensiva russa ocorreu após a Ucrânia ter realizado uma incursão dentro do território russo utilizando armas fornecidas por nações ocidentais, como EUA, Reino Unido e França. Informações de inteligência ocidentais indicam que a Rússia está, de alguma forma, utilizando tropas da Coreia do Norte no conflito, mas tanto Moscou quanto Pyongyang não confirmaram nem negaram essa informação. O presidente russo, que trocou seu ministro da Defesa em maio, declarou que as forças russas estão obtendo avanços mais eficazes e que a Rússia cumprirá todos os seus objetivos na Ucrânia, embora não tenha fornecido detalhes a respeito do que isso implica. Por outro lado, o presidente ucraniano, Zelensky, expressou a crença de que os principais objetivos de Putin incluem a ocupação total da região do Donbass, englobando as regiões de Donetsk e Luhansk, assim como a expulsão das tropas ucranianas controladas em partes da região de Kursk, na Rússia, desde agosto.