A Alemanha se prepara para um momento decisivo neste domingo (23/2), quando os eleitores irão às urnas e o partido de direita radical Alternativa para Alemanha (AfD) busca se consolidar como a segunda força política do país. As pesquisas indicam que a AfD pode obter até 20% dos votos, dobrando a representação no Parlamento germânico, um crescimento significativo se comparado à última década.
A liderança da AfD, sob Alice Weidel, tem atraído a atenção, especialmente de segmentos mais jovens. Apesar de ter poucas chances de se tornar chanceler nas eleições atuais, Weidel e o partido visam essa meta para os próximos quatro anos. O partido propõe uma série de mudanças radicais, incluindo a saída da União Europeia, a reinstauração do marco alemão como moeda e políticas de desassimilação que poderiam incluir a deportação de cidadãos de ascendência não alemã.
Desde sua fundação, a AfD tem sido um foco de controvérsias, com manifestações tanto a favor quanto contra suas propostas. O passado recente trouxe à tona um debate nacional sobre a possibilidade de banir a AfD da política, especialmente após um escândalo que levantou questões sobre o extremismo do partido, que é monitorado pelos serviços de inteligência alemães.
A escolha dos eleitores não se restringe apenas à AfD; também está em jogo a continuidade do governo do atual chanceler, Olaf Scholz, do partido social-democrata SPD, que atualmente ocupa a terceira posição nas intenções de voto.
Alice Weidel, de 46 anos, é uma figura complexa à frente da AfD. Ela é lésbica, possui um doutorado em economia e trabalhou em grandes instituições financeiras internacionais, como Credit Suisse e Goldman Sachs. Weidel cresceu em uma família católica, onde seu avô era um membro do partido nazista. Ela é admiradora de Margaret Thatcher, mas sua vida pessoal levanta contradições em relação à ideologia conservadora e anti-imigração da AfD.
Weidel vive a maior parte do tempo na Suíça com sua esposa, Sarah Bossard, e seus filhos, devido a ameaças recebidas na Alemanha. A líder política evita discutir sua vida pessoal, mas analistas apontam que ela temado recente radicalização da AfD, especialmente quando fala sobre o conceito de remigração, que envolve a deportação de não alemães.
O partido, que começou sua trajetória com uma postura crítica à austeridade na Europa, teve sua plataforma modificada ao longo dos anos, tornando-se um bastião anti-imigração. Em 2015, foi quando a AfD alcançou seu primeiro sucesso político, levantando uma comissão para investigar a política de imigração do governo de Angela Merkel que permitiu a entrada de mais de um milhão de refugiados.
Recentemente, a AfD tem ganhado notoriedade pela sua associação com figuras influentes, como Elon Musk, que declarou apoio a Weidel em comícios. O apoio do novo governo dos EUA de Donald Trump também é relevante, já que ambos compartilham visões semelhantes sobre imigração e economias.
Entretanto, a AfD não está livre de escândalos. Em 2023, o partido enfrentou investigações que revelaram reuniões clandestinas de extremistas de direita, o que levantou questionamentos sobre sua legitimidade política. A pressão para desassociar-se de ideologias extremas é constante, e mesmo assim, a AfD continua a avançar nas pesquisas eleitorais.
A situação política na Alemanha é tensa, pois a AfD também se depara com críticas de outros partidos de direita na Europa, que a rotulam como excessivamente radical. A questão que persiste é como os outros partidos reagirão à ascensão da AfD, especialmente à medida que as eleições se aproximam e novas alianças políticas podem se formar.
Se a AfD confirmar sua posição nas eleições, Alice Weidel pode se tornar uma figura central na política alemã, desafiando as normas estabelecidas e alterando o equilíbrio de poder em um país já polarizado.
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