Em novembro de 2024, durante uma audiência de custódia com o tenente-coronel Mauro Cid, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou que essa seria a “última chance” do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para prestar informações verdadeiras. Moraes enfatizou que a colaboração premiada deve ser clara e não direcionada a proteger qualquer indivíduo, citando: “A colaboração premiada não pode ser seletiva e direcionada. Ela não pode ser utilizada para proteger alguns e prejudicar outros.”
Segundo o ministro, o papel do colaborador é fornecer os fatos, enquanto a análise da acusação cabe ao Ministério Público e, posteriormente, ao STF. “Por isso eu marquei essa audiência, é a última chance do colaborador”, acrescentou Moraes, se dirigindo a Cid.
A declaração do ministro foi divulgada em vídeos relacionados à delação de Cid, apresentados nesta quinta-feira (20). Na sequência da audiência, Moraes relembrou as omissões e contradições que foram apuradas pela Polícia Federal nas investigações acerca de uma suposta trama golpista. Além disso, Moraes alertou que Cid já contava com um parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR) para a restauração de sua prisão devido a tais omissões em seus depoimentos.
“Essa audiência foi convocada como mais uma tentativa de permitir ao colaborador que preste as informações verdadeiras. Já há o pedido da Polícia Federal, já há o parecer favorável da Procuradoria-Geral da República pela imediata decretação do retorno à prisão do colaborador”, destacou Moraes.
O ministro continuou sua argumentação abordando a importância de o tenente-coronel refletir sobre sua colaboração, ressaltando que a falta de clareza pode levar não apenas ao restabelecimento da prisão de Cid, mas também ao possível desmantelamento de sua colaboração. Moraes advertiu que isso poderia se estender, implicando até a responsabilização de familiares do colaborador, incluindo seu pai, esposa e filha maior.
De acordo com as informações, Moraes temia que a delação não estivesse sendo utilizada de forma adequada, mencionando especificamente as contradições que foram descobertas durante o processo investigativo. Esses elementos tornam a situação de Cid ainda mais delicada, pois ele precisa decidir se irá seguir seu relato e como isso afetará seus próximos passos legais.
O contexto em torno dessa audiência ressalta a complexidade das delações premiadas e a necessidade de sinceridade por parte dos colaboradores. Ressalta também o papel importante que as investigações da Polícia Federal e as decisões da PGR têm em relação à condução dos casos. O desfecho desta situação pode ter impactos significativos tanto na vida de Cid quanto na percepção pública sobre os procedimentos legais envolvendo figuras de destaque na política brasileira.
Os desdobramentos desta audiência e as reações do público a essas declarações ainda devem ser acompanhados de perto, já que a política brasileira continua a se entrelaçar com questões legais complexas. A sociedade espera mais clareza e transparência nas investigações, enquanto as autoridades trabalham para elucidar os fatos apresentados.
Em um cenário político recheado de controvérsias, informações e declarações como essas poderão impactar significativamente as opiniões públicas e a confiança nas instituições. O futuro de Mauro Cid e os efeitos de sua colaboração premiada ainda estão em jogo.