A Procuradoria-Geral da República (PGR) identificou que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi uma figura central em uma organização criminosa que tentou subverter a democracia brasileira. O resultado dessa investigação, que se desdobrou em um relatório detalhado de 884 páginas, leva a acusação de tentativa de golpe de Estado, após sua derrota nas eleições de 2022.
O documento da Polícia Federal (PF) embasou a denúncia apresentada pela PGR, que envolveu Bolsonaro e um grupo de aliados em tentativas de desestabilizar o governo eleito, somando um total de 272 páginas, enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 18 de fevereiro de 2025. A figura do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi destacada como o principal “operador” do esquema, com a PF revelando que ele buscou proteger a liderança do ex-presidente durante todo o processo.
De acordo com as apurações, Bolsonaro estava envolvido em todos os seis núcleos identificados na investigação, especialmente no Núcleo A, que se dedicava a desinformações e ataques ao sistema eleitoral brasileiro. Os inquéritos indicaram a presença de dois generais influentes na estrutura do governo: Walter Braga Netto e Augusto Heleno. Braga Netto, que atuou como ministro da Defesa e da Casa Civil, foi potencialmente vinculado a uma reunião realizada em sua residência, onde se discutiu a elaboração de um plano de ataque que incluía o assassinato de diversas autoridades. Essa reunião foi corroborada pelo depoimento de Mauro Cid ao STF.
Heleno, que liderou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e supervisionou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), também foi mencionado como parte do “núcleo duro” que contribuiu para a organização dos planos golpistas. A PF alega que a Abin foi utilizada como uma ferramenta nesse contexto criminal.
As investigações culminaram na decisão da Polícia Federal de indiciar Jair Bolsonaro e mais 37 indivíduos. Em outras fases da apuração, um total de 40 pessoas foram indiciadas, incluindo ex-ministros emblemáticos como Anderson Torres, Augusto Heleno e Braga Netto, além do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o ex-assessor Marcelo Câmara. Mauro Cid também enfrentou a mesma acusação.
A investigação da PF revelou um plano mais grave em andamento: a organização de assassinatos direcionados a Lula, a Geraldo Alckmin e ao ministro Alexandre de Moraes. A operação foi desencadeada em 19 de novembro, abordando uma facção que supostamente planejava esses crimes, composta em sua maioria por militares das Forças Especiais. O grupo pretendia realizar os atos violentos em 15 de dezembro de 2022 e, segundo a PF, Bolsonaro tinha pleno conhecimento do esquema.
Em 8 de janeiro de 2023, apoiadores de Bolsonaro invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, em um ato que buscava contestar o resultado eleitoral de 2022. Esse episódio levou à intervenção do governo federal nas forças de segurança do Distrito Federal e à detenção de mais de 1.800 pessoas nos dias seguintes. As investigações subsequentes se dedicaram a identificar financiadores e grupos que organizavam os ataques nas redes sociais, enquanto o STF atuava para abordar as denúncias contra os envolvidos, que enfrentaram acusações como associação criminosa e tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito.
Com as revelações sobre os atos de desobediência civil, o país viveu um intenso debate sobre a proteção da democracia e a responsabilização dos envolvidos em tentativas de derrube do governo.
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