Israel está se prontificando para receber os corpos de um número ainda não determinado de reféns que morreram em Gaza, com previsão para a quinta-feira (20). As identidades dos reféns ainda não foram reveladas, marcando assim a primeira entrega de reféns falecidos desde o início do acordo de cessar-fogo estabelecido com o Hamas em janeiro. Até o momento, os militares israelenses já haviam recuperado os restos mortais de diversos reféns em solo gazense.
A questão da retirada do Israel do Líbano, solicitada pelo líder do Hezbollah, também está no centro das atenções, com um prazo estipulado até 18 de fevereiro. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mencionou que é importante oferecer uma opção aos palestinos para que possam deixar Gaza. Em meio a isso, os Estados Unidos informaram que a segunda fase das negociações em Gaza ainda está em andamento e continuará nesta semana.
Na última rodada de negociações, realizada no sábado (15), três reféns israelenses foram libertados em troca de centenas de prisioneiros e detidos palestinos. O Hamas, no entanto, inicialmente afirmou que haveria um adiamento nas liberações, além de acusar Israel de quebrar os compromissos no que se refere à resolução firmada. Em resposta a essas tensões, o presidente dos EUA, Donald Trump, fez um apelo para que Israel cancelasse o acordo com o grupo, sugerindo que “deixasse o inferno acontecer”. Contudo, alguns dias depois, o Hamas informou que daria continuidade às liberações após conversas com os mediadores egípcios e do Catar, que atuam nas negociações de cessar-fogo, prometendo trabalhar para “remover obstáculos e preencher lacunas”. Até o presente momento, 19 dos 33 reféns israelenses conseguiram ser libertados, em um processo que ocorreu em intervalos escalonados como parte do acordo inicial de cessar-fogo. O governo de Israel revelou que oito desses reféns estão mortos.
De acordo com os termos do acordo inicial de cessar-fogo e das trocas de reféns, a próxima troca está programada para ocorrer em 22 de fevereiro, quando três reféns devem ser libertados. O governo israelense está enfrentando uma crescente pressão da sociedade para assegurar a libertação dos reféns restantes. Multidões de manifestantes se reuniram em Tel Aviv na segunda-feira (17), lembrando 500 dias desde o ataque de 7 de outubro, clamando pela libertação de todos os reféns. Entretanto, as negociações sobre a segunda fase do acordo, que deveriam ter começado duas semanas atrás, assim como a extensão do cessar-fogo, que expira em 1º de março, enfrentam incertezas. O primeiro-ministro Netanyahu anunciou uma reunião do gabinete de segurança política para tratar da segunda fase do acordo. Esta reunião ocorreu enquanto uma delegação israelense se dirigia ao Cairo, a fim de tratar da primeira fase da resolução. O primeiro-ministro indicou que a comitiva “receberia instruções para a continuidade das negociações sobre questões da Fase B” após a conclusão da reunião do gabinete de segurança política. Até o momento, não há notícias sobre os resultados desse encontro.
Frente a especulações sobre planos futuros para Gaza, Netanyahu reiterou sua posição na segunda-feira (17), afirmando que “no dia seguinte à guerra em Gaza, não haverá Hamas nem Autoridade Palestina”, salientando que está “comprometido com o plano do presidente Trump de criar um território diferente”. Esse alerta surgiu em um contexto em que países árabes buscam propor uma alternativa pós-guerra para Gaza, em contrapartida ao plano americano de “assumir” a região, despovoá-la e transformá-la na “Riviera do Oriente Médio”. Os Emirados Árabes Unidos expressaram disposição para considerar um papel na Gaza após a guerra, pedido de uma Autoridade Palestina reformulada. As observações e planos do presidente Trump quanto ao território palestino receberam reações críticas a nível internacional, mas foram bem recebidos por alguns ministros israelenses. Na mesma ocasião, o Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, anunciou a criação de uma Diretoria para a Partida Voluntária de Residentes de Gaza no Ministério da Defesa, conforme expresso em comunicado oficial. “O plano prevê assistência abrangente para que qualquer residente de Gaza que deseje emigrar voluntariamente para um terceiro país receba um conjunto de benefícios que incluem arranjos especiais de partida por mar, ar e terra”, acrescentou. Trump mencionou que a Jordânia e o Egito estariam dispostos a acolher os palestinos deslocados, mas ambos recusaram a proposta, citando temores de que tal movimentação desestabilizaria suas nações, com analistas alertando que isso poderia gerar um “problema existencial” para esses países.