O presidente da Argentina, Javier Milei, se viu em uma situação complicada durante uma entrevista ao canal Todo Noticias, em que tentava explicar a recente polêmica envolvendo a criptomoeda $LIBRA. O incidente, que ocorreu na noite do dia 17 de fevereiro de 2025, ganhou destaque quando seu assessor, Santiago Caputo, interrompeu a conversa para sussurrar ao seu ouvido a respeito das perguntas feitas durante a entrevista.
Milei, em meio à crise política após promover a criptomoeda, questionou se as perguntas eram as previamente combinadas, afirmando: "Eu a divulgou, não promovi". A situação dividiu opiniões e levantou questões sobre a transparência em sua comunicação.
O momento de interrupção foi capturado em vídeo durante a entrevista conduzida pelo jornalista Jonatan Viale. Enquanto Milei tentava justificar suas ações e a questão da criptomoeda, Caputo se aproximou e comentou sobre a necessidade de destacar que seu tweet foi feito em caráter pessoal.
"É bom que você indique que [o tweet sobre a criptomoeda] foi como cidadão, porque escrevi a partir da minha conta pessoal", disse Milei, que recebeu como resposta de Viale: "Mas você já percebeu que não. Você é presidente". O assessor interveniu, gerando ainda mais discussão.
Além disso, trechos não exibidos da entrevista que vazaram na internet mostraram que as perguntas ao presidente estavam alinhadas anteriormente. Na conversa, Milei questionou: "Mas as perguntas estão combinadas, né?" e Viale confirmou: "Sim! Estamos fazendo as do [porta-voz do governo, Manuel] Ardoni, de Karina [Milei, irmã do presidente] e de Caputo".
A criptomoeda $LIBRA ganhou notoriedade na sexta-feira, dia 14 de fevereiro, quando Milei fez uma postagem em suas redes sociais promovendo o ativo. Inicialmente, a moeda digital teve uma valorização acentuada, mas o seu valor despencou rapidamente, resultando em grandes prejuízos para muitos investidores. A situação gerou investigações sobre a possibilidade de fraude financeira, levantando suspeitas de que a promoção por parte de Milei poderia ter sido previamente orquestrada.
Especialistas indicam que as transações explosivas logo após a postagem de Milei poderiam ser indicativas de uma fraude conhecida como "Rug Pull". Esse tipo de golpe acontece quando os criadores de uma criptomoeda vendem grandes quantidades do ativo após inflacionar seu valor, resultando em perdas significativas para os investidores que compraram na alta. Há evidências sugerindo que o tweet de Milei ajudou a aumentar o interesse e o preço do ativo, permitindo que um pequeno grupo de investidores retirasse grandes somas enquanto o mercado desabava.
Após o colapso da $LIBRA, Milei rapidamente apagou seu tweet original e lançou um novo comunicado, afirmando que ele não tinha a verdadeira compreensão do projeto antes de promovê-lo. A oposição argentina não hesitou em fazer um movimento contra ele, solicitando investigações e até um pedido de impeachment, acusando o presidente de participar de uma "associação ilícita" que prejudicou milhões de cidadãos.
Hayden Mark Davis, o empresário por trás da criação da $LIBRA, alegou que estava colaborando com Milei em projetos de tokenização de ativos. Após o colapso, ele se manifestou, dizendo que a retirada do apoio de Milei desestabilizou a credibilidade da criptomoeda. Em uma série de entrevistas, Davis descreveu planos para revitalizar o projeto, além de alegar se sentir mal orientado sobre como lidar com os recursos disponíveis para garantir a liquidez do ativo.
A turbulenta situação não se resume à Argentina. O presidente pode enfrentar investigações por parte do FBI devido a denúncias apresentadas por advogados que representam as vítimas, o que pode trazer complicações ainda maiores para sua já conturbada administração.
Enquanto os desdobramentos da crise ainda estão em curso, a resposta de Milei, que vê a perda como um risco de mercado, se reflete na famosa frase: "Se você vai ao cassino e perde dinheiro, é um problema seu, entre privados, sem papel do Estado". A polêmica envolvendo a $LIBRA continua a ser um tema de discussão e reflexão no cenário político argentino, destacando os riscos e as responsabilidades que envolvem a promoção de ativos digitais.
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