O primeiro-ministro britânico Keir Starmer declarou que o Reino Unido está preparado para enviar tropas de manutenção da paz à Ucrânia. Esse anúncio aconteceu antes de uma reunião emergencial de líderes europeus em Paris, focada no papel do continente em um possível cessar-fogo no conflito. Os comentários de Starmer refletem um crescimento da percepção de que os países europeus precisam assumir um papel mais ativo na segurança da Ucrânia, enquanto os Estados Unidos atuam de forma independente em negociações com a Rússia para encerrar a guerra, que já dura três anos.
Além disso, o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, manifestou a intenção de que a Suécia também considere contribuir com forças de manutenção da paz no pós-guerra na Ucrânia, embora tenha ressaltado que as negociações precisariam avançar antes de qualquer decisão ser tomada.
Recentemente, o presidente dos EUA, Donald Trump, gerou surpresa ao anunciar uma conversa com o presidente russo, Vladimir Putin, sem consultar aliados, para discutir o fim do conflito. Este movimento deve ser seguido por novas negociações entre autoridades dos EUA e da Rússia na Arábia Saudita. Durante um evento no último sábado (15), o enviado de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, afirmou que a Europa estaria excluída das discussões de paz, e Washington iniciou uma consulta às capitais europeias sobre suas contribuições às garantias de segurança para Kiev.
No encontro em Paris previsto para esta segunda-feira (17), o presidente Emmanuel Macron se reuniria com líderes de países como Alemanha, Itália, Grã-Bretanha, Polônia, Espanha, Holanda e Dinamarca, além de representantes da União Europeia e do secretário-geral da Otan, Mark Rutte. Segundo um funcionário da presidência francesa, a pauta do encontro incluiria “as garantias de segurança que podem ser oferecidas por europeus e americanos, em conjunto ou separadamente”, destacando que a presença de tropas de manutenção da paz seria apenas uma das formas de garantir segurança.
Starmer, que está programado para visitar Washington na próxima semana para um encontro com Trump, afirmou que a Europa enfrenta um “momento único em uma geração” em relação à segurança coletiva e deve colaborar de maneira estreita com os Estados Unidos. Ele enfatizou a disposição britânica em liderar os esforços para garantir a segurança da Ucrânia, incluindo a possibilidade de enviar “nossas próprias tropas para o terreno, se necessário”. Starmer mencionou que “o fim desta guerra, quando ocorrer, não pode ser apenas uma pausa temporária antes que Putin ataque novamente”, conforme escreveu em um artigo para o jornal Daily Telegraph.
A reunião em Paris segue um histórico de cúpulas que evidenciaram a falta de um plano coeso da União Europeia para resolver a guerra na Ucrânia. Embora o Reino Unido não seja membro do bloco, tem se destacado como um dos principais apoiadores de Kiev.
Uma autoridade ucraniana comentou que até o momento apenas Grã-Bretanha e França mostraram disposição para enviar tropas, mas isso pode estar mudando. Kristersson, o primeiro-ministro da Suécia, reforçou que existe uma “absoluta possibilidade” de enviar forças para a manutenção da paz no futuro, mas ressaltou a necessidade de um mandato claro antes de qualquer ação concreta.
A criação de uma força de manutenção da paz, no entanto, poderia aumentar os riscos de confrontos diretos com a Rússia e pressionar as capacidades militares europeias, que já estão comprometidas devido ao envio de armamentos à Ucrânia e que dependem fortemente do apoio americano para operar em grandes missões. Um funcionário da presidência francesa frisou que a Europa precisa “agir mais, melhor e de forma coesa em relação à nossa segurança coletiva”. Contudo, alguns países expressaram insatisfação com o fato de que a reunião em Paris não se tratou de uma cúpula da União Europeia em abrangência completa, o que foi também comentado por membros do bloco. Segundo a presidência francesa, o encontro facilitará futuras discussões em Bruxelas e na Otan.