O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, expressou em um evento recente que o país não aceitará quaisquer acordos de paz realizados sem a participação de Kiev. Sua declaração, feita na Conferência de Segurança de Munique neste sábado (15), serve como um alerta claro, especialmente em relação aos esforços do presidente dos EUA, Donald Trump, para encerrar o conflito com a Rússia.
Durante sua fala, Zelensky enfatizou a importância da soberania da Ucrânia ao afirmar: “A Ucrânia nunca aceitará acordos feitos pelas nossas costas sem nosso envolvimento. E a mesma regra deve se aplicar a toda a Europa.” Essa postura destaca a necessidade de os países europeus se organizarem militarmente e não dependerem exclusivamente das forças armadas ucranianas para sua segurança.
A declaração de Zelensky surgiu após uma ligação entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, que ocorreu esta semana. Esta foi a primeira conversa entre líderes americanos e russos desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022. Trump mencionou a possibilidade de um encontro futuro com Putin, possivelmente na Arábia Saudita, o que gera inquietação entre os aliados europeus sobre possíveis concessões.
A administração americana tem deixado a impressão entre os aliados de que poderia estar fazendo concessões a Putin, à custa da Ucrânia, antes mesmo que as negociações se iniciassem. Zelensky, ao se referir a essa situação, trouxe à tona preocupações sobre como um encontro entre Trump e Putin poderia impactar a segurança da Ucrânia e da Europa.
Ele alertou que seria “perigoso” para Trump se encontrar com Putin antes de estabelecer um entendimento claro com a Ucrânia. Em sua fala, o presidente ucraniano também levantou questões sobre a prontidão dos exércitos europeus diante de uma possível ofensiva russa. Ele questionou se os países europeus estariam adequadamente preparados caso Moscou lançasse um ataque, seja aberto ou disfarçado de uma ação de outra facção, conhecido como ataque de “bandeira falsa”.
Zelensky, ao abordar o cenário atual, destacou que, se a guerra terminasse de maneira desfavorável, o Kremlin teria em suas mãos um grande contingente de soldados que, segundo ele, seriam inexperientes em qualquer outra coisa além de violência e destruição. Ele fez referência a relatos de inteligência que indicam que a Rússia planeja enviar tropas para Belarússia neste verão.
“E agora, enquanto lutamos esta guerra e estabelecemos as bases para a paz e a segurança, devemos construir as Forças Armadas da Europa”, completou Zelensky, ressaltando a necessidade de uma estratégia de defesa unificada entre os países europeus.
A posição firme do presidente ucraniano sinaliza não apenas a determinação da Ucrânia em manter sua autonomia nas discussões de paz, mas também a urgência em reforçar colaborações entre os países europeus para garantir uma resposta eficaz às ameaças contínuas da Rússia. A fala de Zelensky serve como um chamado à ação para que os líderes europeus assumam um papel mais ativo na segurança do continente.