O presidente Donald Trump anunciou recentemente que implementará novas tarifas sobre automóveis, com previsão para serem aplicadas no dia 2 de abril. Esta decisão integra uma série de tarifas pesadas que visam reformular as relações comerciais globais, além de pressionar as empresas a transferirem suas produções para os Estados Unidos.
Durante uma coletiva de imprensa no Salão Oval, Trump comentou: “Vamos fazer isso por volta de 2 de abril”, enquanto assinava uma ordem executiva relacionada à política energética. Essa medida é mais um movimento na escalada de uma waria comercial que já afeta diversos países, tanto aliados quanto adversários dos EUA, refletindo as promessas feitas durante sua campanha.
O anúncio de Trump ocorre um dia após a apresentação de sua medida mais abrangente, que envolve o planejamento de tarifas recíprocas para países que impõem impostos sobre produtos americanos. Esse movimento busca corrigir o que Trump considera um sistema comercial desfavorável aos interesses dos EUA.
As tarifas recíprocas podem ser implementadas em abril, atingindo nações que têm tarifas sobre produtos dos Estados Unidos. Contudo, essas tarifas são separadas das que já foram prometidas para os automóveis, além de ameaças que recaem sobre setores industriais como energia, semicondutores e produtos farmacêuticos. Recentemente, Trump também anunciou um aumento de 25% sobre as importações de aço e alumínio.
A nova ameaça às montadoras atinge empresas renomadas, principalmente japonesas, alemãs e sul-coreanas, pois as importações responderam por aproximadamente 50% do mercado automotivo nos EUA no ano passado. Dados da Global Data indicam que quase 80% das vendas da Volkswagen e 65% da Hyundai-Kia nos EUA são de veículos importados.
Até o momento, Trump não divulgou detalhes sobre a alíquota ou o alcance das novas tarifas sobre automóveis, levantando questões sobre como estas afetarão veículos fabricados em conformidade com o acordo de livre comércio entre os EUA, Canadá e México, o qual foi renegociado durante seu primeiro mandato. As cadeias produtivas do setor automotivo na América do Norte são altamente integradas e essa nova medida pode causar desorganização.
Organizações do setor demonstraram preocupação com o aumento de preços e possíveis prejuízos às cadeias de abastecimento decorrentes das novas tarifas, mas algumas delas disseram que aguardariam a definição das tarifas específicas que a administração Trump pretende implementar. A Autos Drive America, que defende os interesses dos fabricantes de automóveis estrangeiros, ainda não se pronunciou sobre o assunto. Por sua vez, o American Automotive Policy Council, que representa montadoras de Detroit, não respondeu imediatamente ao pedido de comentários.
As ações de grandes montadoras, como a General Motors e a Ford, que possuem amplas operações de manufatura na América do Norte, permaneceu estáveis nas negociações da última sexta-feira. O Canadá e o México, que são parceiros comerciais significativos, já enfrentam a possibilidade de uma tarifa de 25% sobre as importações, proposta inicialmente por Trump, após ter sido suspensa até março. Essa medida visa obter concessões de ambos os países em relação a questões de segurança nas fronteiras, que são prioridades para a administração atual.
Jim Farley, CEO da Ford, advertiu que essas tarifas poderiam criar um impacto sem precedentes na indústria automotiva dos EUA, afirmando que “abririam um buraco na indústria dos EUA que nunca vimos”. Trump tem utilizado tarifas como uma ferramenta para forçar concessões políticas de outras nações sobre temas como imigração e tráfico de drogas. Ele acredita que as tarifas poderão convencer empresas a trazerem suas operações de volta para os EUA.
Nas suas campanhas, Trump expressou o desejo de que montadoras alemãs estabelecessem operações nos Estados Unidos, um objetivo que pode ser complicado devido a barreiras comerciais existentes.
A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) também está tomando iniciativas para rejeitar uma isenção da Lei do Ar Limpo, que permite regulamentações estaduais na Califórnia que promovem a venda de veículos com zero emissões, com o objetivo final de banir a venda de carros convencionais movidos a gasolina até 2035. O administrador da EPA, Lee Zeldin, que estava presente durante o anúncio feito por Trump, indicou que esta isenção passará pelo Congresso para uma possível revisão. Essa ação possibilitará que o Congresso direcione a isenção para revogação rápida sob a Lei de Revisão do Congresso.