Deise Moura dos Anjos, uma gestora financeira de 42 anos, foi encontrada morta em sua cela na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, no Rio Grande do Sul. A polícia investiga a possibilidade de suicídio após um episódio trágico envolvendo envenenamento de familiares.
No dia 6 de fevereiro, Deise foi transferida para a penitenciária, onde cumpria prisão temporária sob a suspeita de homicídio duplamente qualificado de quatro pessoas, incluindo seu sogro e três outros familiares. A morte ocorrida em 13 de fevereiro gerou diversas especulações. Ela estava sozinha na cela quando foi descoberta sem vida durante a conferência matinal realizada pela Polícia Penal.
O delegado Fernando Sodré, da Polícia Civil gaúcha, comentou sobre as circunstâncias que cercam o caso. “A primeira versão indica que ela usou uma camiseta para se enforcar. Porém, aguardamos os resultados das investigações para confirmar essa hipótese”, disse. Os exames iniciais indicam que Deise estava pendurada na grade da cela, e o atendimento médico subsequente constatou seu óbito.
O advogado de defesa, Cassyus Pontes, afirmou que Deise utilizava medicamentos controlados e já havia manifestado pensamentos suicidas. Ele também destacou que condições inadequadas na penitenciária, como a falta de água potável e itens básicos de higiene, contribuíam para seu estado emocional fragilizado. Em suas declarações, ressaltou que já havia pedido a realização de um exame psiquiátrico para a ré, e que ela deveria ter permanecido no Presídio Feminino de Torres.
A acusação contra Deise está relacionada a um incidente que ocorreu em dezembro de 2024, quando um bolo envenenado, feito com arsênico, foi consumido por membros de sua família. Três pessoas morreram e outras três necessitaram de internação após ingeri-lo. A Polícia Civil investiga a origem do arsênico na farinha de trigo utilizada no preparo do bolo, que foi supostamente adquirido de maneira legal pela internet.
No dia 23 de dezembro, a sogra de Deise, Zeli Terezinha, e as demais vítimas consumiram o bolo em um encontro familiar. A análise do Instituto-Geral de Perícias (IGP) revelou que a farinha continha uma concentração de arsênico 2,7 mil vezes superior ao nível permitido, o que sugere uma contaminação deliberada. Além das vítimas do incidente, exames realizados em familiares próximos também revelaram a presença de arsênico, o que levantou mais questões sobre as intenções de Deise.
Os conflitos familiares que levaram ao envenenamento começaram muito antes do ocorrido. Desde 2004, ano do casamento entre Deise e Diego dos Anjos, a relação foi marcada por tensões, incluindo desentendimentos sobre questões triviais, como a escolha da igreja e a gestão das finanças familiares.
A Polícia Civil de Guaíba indicou que as investigações estão em andamento e que depoimentos de testemunhas estão sendo coletados. A conclusão do inquérito está prevista para o dia 20 de fevereiro. O corpo de Deise foi encaminhado ao Instituto Médico Legal para a realização de exames necroscópicos que determinarão a causa profissional de sua morte.
A situação de Deise, marcada por diversos fatores, como sua prisão e a recente perda familiar, levanta um debate complexo em torno da saúde mental, condições carcerárias e a responsabilidade do sistema judiciário em proteger os direitos dos detentos. A sociedade aguarda respostas mais concretas enquanto as investigações prosseguem.
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