Phelipe Ferreira, um dos brasileiros resgatados de uma rede de tráfico humano em Mianmar, falou sobre sua experiência após escapar do cativeiro. Junto com Luckas Viana, de 31 anos, os jovens paulistanos conseguiram fugir no último domingo (9) e se pronunciaram nas redes sociais na última sexta-feira (14).
No vídeo que postou no Instagram, Phelipe expressou alívio ao informar que ele e Luckas estão em segurança, mas ainda aguardam a repatriação. "Estamos esperando aqui na base militar da Tailândia. Quero agradecer a todos que oraram e torceram por nós", declarou.
Ele explicou que, no momento, está sem celular, se comunicando com a família através de funcionários no local. Phelipe comentou: "Assim que chegar ao Brasil, poderei responder todos e explicar melhor o que aconteceu para quem tiver curiosidade. Estamos bem, eu e Luckas. Ele está descansando um pouco agora. Amanhã, a embaixada vai nos buscar para irmos a Bangkok e depois aguardaremos as documentações necessárias para voltar ao Brasil."
A história de Phelipe e Luckas é um triste exemplo do que pode ocorrer quando pessoas caem nas armadilhas do tráfico humano. Ambos desembarcaram em Mianmar em outubro após aceitarem propostas de emprego enganosas. Quando chegaram ao país, tiveram os passaportes retidos e foram obrigados a viver em cativeiro. Durante o tempo em que estiveram lá, eles e outros reféns, de mais de 50 nacionalidades, foram forçados a trabalhar em uma central de golpes cibernéticos, enfrentando jornadas de trabalho que variavam de 15 a 20 horas por dia em condições extremamente precárias.
Os reféns sofrendo com metas inatingíveis e severas punições, passaram por torturas físicas e psicológicas, além de extorsões financeiras enquanto estavam sob a custódia dos traficantes.
A fuga deles foi possibilitada com o auxílio da ONG 'The Exodus Road', que atua em casos de tráfico humano. Em uma entrevista ao portal Metrópoles, Cintia Meirelles, diretora da organização no Brasil, comentou a situação: "Ainda existem pelo menos oito brasileiros capturados, e a quantidade pode ser ainda maior. É importante reiterar que eles são vítimas de tráfico de pessoas, enganados por promessas mirabolantes de emprego e condições de vida que na realidade são apenas iscas para atraí-los para essas armadilhas horrendas. Essas ofertas envolvendo trabalhos em lugares paradisíacos geralmente vêm acompanhadas de salários que são inexistentes no Brasil."
Esse caso ilustra a necessidade crítica de conscientização sobre os riscos do tráfico de pessoas e a importância de redes de apoio que possam trabalhar na prevenção e na assistência às vítimas. As histórias de Phelipe e Luckas ressaltam o papel vital que as ONG's desempenham na luta contra essa violação dos direitos humanos.
Se você ou alguém que você conhece precisa de orientação sobre como se proteger contra situações de tráfico humano, procure informações com organizações especializadas ou autoridades competentes. É fundamental que conheçamos as armadilhas que podem estar à espreita e saibamos agir para evitar cair nelas. Fique atento, compartilhe essa informação e ajude a conscientizar mais pessoas.