O governo dos Estados Unidos, sob a administração Trump, tem realizado transferências controversas de imigrantes, enviando pessoas sem antecedentes criminais para a base naval de Guantánamo. Essa prática suscitou preocupações entre entidades de direitos civis e ativistas que denunciam as condições a que esses indivíduos estão submetidos.
Documentos obtidos pela rede de TV CBS revelam que, ao invés de transferir apenas "os piores dos piores", como anunciado anteriormente, o governo tem internado uma quantidade significativa de imigrantes não violentos e sem histórico criminal na famosa base em Cuba.
Atualmente, cerca de 100 venezuelanos estão detidos em Guantánamo, aguardando deportação. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, confirmou a detenção, mas não forneceu um prazo para a deportação desses indivíduos.
A coalizão de direitos civis, que inclui a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), alegou na ação judicial que esses imigrantes estão vivendo em condições que lembram as da guerra ao terrorismo, enfrentando isolamento extremo, sem acesso a advogados ou comunicação com familiares e o mundo exterior.
De acordo com a denúncia, muitos familiares só souberam da transferência de seus entes por meio de imagens divulgadas pelo próprio governo, onde os imigrantes apareciam algemados a caminho de aviões militares.
Lee Gelernt, vice-diretor do Projeto de Direitos dos Imigrantes da ACLU, comentou: “Ao enviar os imigrantes para uma ilha remota, isolada de advogados, parentes e do resto do mundo, o governo Trump envia seu sinal mais claro até agora de que o Estado de Direito não significa nada para ele. Agora caberá aos tribunais garantir que os imigrantes não possam ser armazenados em ilhas offshore.”
Ainda segundo relatos, o presidente Donald Trump planeja transferir até 30 mil imigrantes para Guantánamo, onde ainda há 15 integrantes da Al-Qaeda detidos. A base já chegou a abrigar aproximadamente 800 prisioneiros, que foram alvo de uma investigação da ONU em 2023, que constatou “tratamento cruel e degradante sob o direito internacional”.
Baher Azmy, diretor jurídico do Centro de Direitos Constitucionais, expressou sua preocupação, afirmando: “É assustador, mas não surpreendente, que o governo Trump esteja explorando e expandindo o maior símbolo de ilegalidade e tortura do século XXI: Guantánamo.”
O Departamento de Segurança Interna (DSI) admitiu que existem imigrantes ilegais de baixo risco na base, mas destacou que eles estão detidos em locais separados dos membros de bandos criminosos, como o Tren de Aragua, uma notória gangue. A política do governo é clara: deportação é a meta principal para todos esses indivíduos, que, segundo o DSI, cometem um crime ao entrar ilegalmente nos Estados Unidos.
Esse cenário levanta sérias questões sobre a legalidade e a moralidade do tratamento dado a essas pessoas, que já enfrentam a fragilidade da imigração e agora se encontram em uma situação de extrema vulnerabilidade.
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