A atual gestão federal tem demonstrado confiança de que a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, permanecerá em seu posto, mesmo com a expectativa de um aval do Ibama para a perfuração de petróleo na Foz do Amazonas. Tal situação lembra o passado, especialmente o conturbado processo de licenciamento ambiental da usina hidrelétrica de Belo Monte, que resultou na saída de Marina do cargo em 2008, durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A análise de assessores próximos ao governo indica que, mesmo com os desafios, existe uma expectativa positiva sobre a decisão da ministra. Entre os motivos que sustentam essa previsão, está a intensidade do atual cenário político e a aproximação das eleições de 2026. Os assessores ressaltam que Marina é uma adversária sólida do campo bolsonarista, o que pode aumentar sua determinação em continuar no governo.
Outro argumento a favor de sua permanência é a melhoria nos índices de desmatamento na Amazônia, que foram observados após a gestão anterior, além da realização da COP30 em Belém, onde Marina desempenha um papel crucial nas discussões climáticas. Sua reputação internacional é forte, e sua saída repentina poderia trazer repercussões desfavoráveis para as negociações em andamento.
Um ponto importante mencionado por Marina é que o licenciamento ambiental deve ser tratado como uma questão técnica, e não política. Apesar da pressão que vem de outros ministérios e do Palácio do Planalto, o Ibama tem se mantido firme em suas exigências técnicas, as quais foram atendidas pela Petrobras nos últimos dois anos.
A Advocacia-Geral da União (AGU) também tem se envolvido em algumas questões, como demonstrado por um parecer que limitou a atribuição do Ibama em licenciar o aeroporto de Oiapoque (AP). Essa decisão reflete a maneira cuidadosa como o governo está lidando com as tensões internas, evitando confrontos diretos com a ministra. Assessor próximo ao presidente Lula destacou que a AGU optou por uma postura conciliadora em vez de avançar em disputas mais polêmicas, interpretando isso como um sinal de respeito à autoridade de Marina.
É relevante observar que a perfuração do poço no bloco FZA-M-59, situado a 175 quilômetros da foz do rio Amazonas, está cercada de controvérsias. Outros projetos de infraestrutura também têm gerado debates relevantes, como o licenciamento da BR-319 (Manaus-Porto Velho) e da Ferrogrão (Sinop-Miritituba). Tais questões podem potencialmente causar novos conflitos na relação entre o governo e a ministra Marina.
Portanto, embora a pressão sobre o Ibama e as demandas por licenciamento estejam presentes, a confiança do governo na continuidade do trabalho de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente parece sólida. A expectativa é que sua experiência e comprometimento com a agenda ambiental prevaleçam, mesmo diante de um cenário desafiador, reafirmando sua posição como figura chave nas políticas ambientais do Brasil.