O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, declarou recentemente que a guerra entre a Ucrânia e a Rússia "deve acabar", Contudo, ele enfatizou que a adesão da Ucrânia à OTAN, a aliança militar ocidental, é um objetivo considerado irrealista. Durante seus comentários em uma reunião do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, Hegseth também ressaltou que as prioridades dos EUA em relação à segurança na Europa e na Ucrânia mudarão, especialmente com a administração do governo Trump, que se focará mais em proteger suas próprias fronteiras e em evitar um conflito com a China.
"Os Estados Unidos não acreditam que a adesão da Ucrânia à OTAN seja um resultado realista de um acordo negociado", enfatizou Hegseth, acrescentando que quaisquer garantias de segurança que possam ser dadas à Ucrânia "devem ser respaldadas por tropas europeias e não europeias capacitadas". Ele foi claro ao afirmar que "não haverá tropas dos EUA enviadas para a Ucrânia" como parte de qualquer garantia de segurança.
Outro ponto levantado pelo secretário de Defesa foi que a restauração das fronteiras da Ucrânia ao que eram antes de 2014, data da anexação da Crimeia pela Rússia e do início do conflito no leste ucraniano, também é uma meta irrealista. Estas declarações, sem dúvida, levantarão preocupações para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que acredita que a Europa, sozinha, não pode oferecer garantias de segurança significativas sem a liderança dos EUA.
Ainda segundo Hegseth, não houve a indicação de nova ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia. Em suas palavras: "Estamos aqui para expressar direta e inequivocamente que duras realidades estratégicas impedem que os Estados Unidos se concentrem principalmente na segurança da Europa".
Preparativos para um recuo dos EUA já estão em andamento. Os aliados dos EUA, incluindo a OTAN e a União Europeia, já se preparavam para uma possível diminuição do papel de liderança que os Estados Unidos exercem na coordenação da ajuda militar à Ucrânia desde 2022. Diante disso, a OTAN desenvolveu um mecanismo próprio para garantir a assistência militar ao país, reconhecendo as preocupações de seus membros em relação à segurança.
O secretário de Defesa do Reino Unido, John Healey, ao comentar as declarações de Hegseth, ratificou que ouviu as preocupações relacionadas à intensificação da assistência à Ucrânia e as questões de segurança europeia. Da mesma forma, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, concordou que a assistência de segurança à Ucrânia precisa ser incrementada para que haja uma alteração significativa no andamento do conflito.
A postura de Pete Hegseth representa uma mudança clara, sinalizando como o governo Trump pretende desvincular-se da Europa, transformando o conflito na Ucrânia em um problema puramente europeu, diferente da abordagem adotada pela administração de Joe Biden, que havia priorizado a aliança transatlântica e o apoio à Ucrânia como pilares de sua política externa.
Hegseth também reiterou os apelos de Trump para que os aliados aumentem seu gasto com defesa, sugerindo que os países devem direcionar 5% de seu PIB para esse fim, em contraste com os atuais 2%, que considera insuficientes. Embora tenha feito questão de afirmar que os EUA permanecem comprometidos com a OTAN e com a parceria de defesa na Europa, ele ressaltou que "os Estados Unidos não tolerarão mais um relacionamento desequilibrado que incentive a dependência".