Uma importante parceria entre os Estados Unidos e o Brasil para o combate a incêndios florestais enfrenta um obstáculo significativo devido a um decreto do ex-presidente Donald Trump. Esta parceria, que existe desde 2021, é parte do Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil e é financiada pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
O decreto de Trump suspendeu toda a ajuda externa americana por um período de 90 dias, impactando diretamente esse programa que tem sido crucial para o treinamento e capacitação de brigadistas brasileiros. Somente nos últimos anos, mais de 3 mil brigadistas foram capacitados através desta iniciativa, que é uma colaboração entre a USAID e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Com o objetivo de formar brigadistas e oferecer capacitação técnica aos profissionais que atuam na linha de frente do combate aos incêndios, o programa já realizou mais de 51 cursos em parceria com outras entidades como a Funai e o ICMBio. Este esforço tem sido particularmente benéfico para mulheres indígenas, que agora atuam como brigadistas em suas comunidades.
Segundo o Ibama, a decisão de suspender o programa representa uma interrupção nas ações que poderiam fortalecer ainda mais a capacitação dos profissionais no Brasil. “A interrupção não gera impacto direto no combate ao fogo no Brasil, mas prejudica aspectos técnicos”, afirmou o órgão. A suspensão das atividades foi confirmada por um e-mail recebido pelo Ibama, que ressalta a preocupação com a falta de recursos e suporte técnico para o programa.
A justificativa apresentada por Trump para essa suspensão foi que a ajuda externa dos EUA poderia desestabilizar a paz mundial, promovendo ideias que contrariam as relações harmônicas entre as nações. Contudo, essa decisão afeta projetos de grande relevância, incluindo o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, que é executado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS).
A USAID, que tem sido alvo de críticas por parte da administração Trump, é responsável por prestar assistência em mais de 100 países e prioriza no Brasil iniciativas voltadas para a conservação da biodiversidade e o combate a crimes ambientais, especialmente nas áreas protegidas da Amazônia. Este trabalho inclui a luta contra o desmatamento e ações de ajuda humanitária em situações de emergência, como as enchentes no Rio Grande do Sul, que receberam um aporte de US$ 1 milhão em 2024.
Após a ordem de Trump, o site da USAID ficou inativo por um período. No entanto, retornou no dia 5 de janeiro com uma mensagem de despedida aos usuários, informando que todos os funcionários não essenciais da agência foram colocados em licença indefinida.
É importante lembrar que a parceria entre o Ibama e o Serviço Florestal dos Estados Unidos foi estabelecida em 1999, mas o programa específico de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios teve início em 2021 e estava previsto para durar cinco anos. A incerteza gerada por estas medidas governamentais americanas levanta preocupações sobre o futuro do programa e a capacidade do Brasil em combater incêndios florestais de maneira eficaz.
O Ibama declarou que as atividades já programadas estão sendo reavaliadas pelas instituições brasileiras que participam do programa, como o próprio Ibama, o ICMBio e a Funai. Essas instituições estão decidindo se manterão ou remarcarão as atividades, sem o apoio do Serviço Florestal dos Estados Unidos. A continuidade do trabalho para capacitar brigadistas e aprimorar as técnicas de combate a incêndios deve ser uma prioridade, mesmo diante das adversidades.