A recente cúpula dos blocos da África Oriental e Austral destacou a preocupação com a escalada do conflito no leste da República Democrática do Congo (RD Congo). Os líderes convocaram todas as partes envolvidas a realizarem conversas diretas, inclusive com os rebeldes do M23, apoiados por Ruanda, que têm aumentado as tensões na região.
No final de janeiro, os rebeldes capturaram Goma, a maior cidade do leste da RD Congo, marcando um dos piores combates dos últimos dez anos. Apesar de proclamarem um cessar-fogo unilateral, os rebeldes continuam se deslocando em direção a Bukavu. “Precisamos evitar a crença de que a solução pode ser alcançada através de ataques ou bombardeios,” afirmou o presidente do Quênia, William Ruto, ao abrir a cúpula, que contou com a participação de oito líderes, incluindo o presidente de Ruanda, Paul Kagame.
O presidente congolês, Félix Tshisekedi, participou da reunião por videochamada. O país tem evitado dialogar diretamente com o M23, e não houve uma resposta clara da delegação congolesa às declarações conjuntas feitas na cúpula em Dar es Salaam.
A primeira cúpula dos blocos da África Oriental e Austral evidencia a crescente preocupação da região com o impasse entre a RD Congo e Ruanda. Enquanto Ruanda nega as acusações de que abastece os rebeldes com armas e tropas, a divisão entre os grupos permanece clara. Especialistas e diplomatas observam que o bloco do leste tende a apoiar o pedido de diálogo de Ruanda, enquanto os países do sul são mais inclinados a apoiar o Congo.
Na cúpula, os líderes sublinharam a importância de retirar “forças armadas estrangeiras não convidadas do território congolês” e reafirmaram seu compromisso em proteger a soberania da RD Congo. Além disso, os países participantes concordaram em unir os processos de paz existentes e considerar a inclusão de facilitadores adicionais de outras regiões do continente. Também foi solicitado que os chefes de defesa de ambos os blocos se reúnam em até cinco dias para discutir orientações sobre um cessar-fogo imediato e incondicional.
Nos últimos meses, os avanços rápidos do M23 resultaram na ampliação de seu controle sobre as ricas minas de coltan, ouro e estanho da província de Kivu do Norte, gerando uma das maiores crises humanitárias do mundo. Milhares de pessoas foram deslocadas, e grupos de ajuda humanitária tentam amenizar a situação, oferecendo suporte a hospitais sobrecarregados. Profissionais de saúde enfrentam o desafio de enterrar os corpos de pelo menos 2.000 pessoas que perderam a vida durante os confrontos em Goma, em meio a crescentes preocupações com a disseminação de doenças.
A comunidade internacional está atenta ao desenrolar dos eventos. O Tribunal Penal Internacional afirmou que está avaliando de perto a situação, onde surgem relatos de violações graves dos direitos humanos, incluindo estupros e escravidão sexual, conforme indicado pelo escritório de direitos humanos das Nações Unidas.
É imperativo que a situação na República Democrática do Congo receba a atenção e ação necessárias para evitar um agravamento da crise. O diálogo e a busca por soluções pacíficas são fundamentais para restaurar a estabilidade na região.
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