O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um alerta preocupante na quarta-feira (5) sobre a possibilidade de limpeza étnica na Faixa de Gaza, reiterando a necessidade de respeitar os princípios do direito internacional. Guterres comentou durante uma apresentação no Comitê sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino, em resposta às recentes declarações do presidente dos EUA, Donald Trump.
Na terça-feira (4), durante uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump afirmou que os Estados Unidos controlariam Gaza, sugerindo que os palestinos deveriam ser realocados para países vizinhos, como a Jordânia e o Egito. Guterres destacou que "em sua essência, o exercício dos direitos inalienáveis do povo palestino é sobre o direito deles de simplesmente viverem como seres humanos em sua própria terra".
"É vital permanecer fiel à base do direito internacional. É essencial evitar qualquer forma de limpeza étnica", acrescentou Guterres, chamando a atenção para a importância de os Estados-membros da ONU sustentarem o trabalho da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
O pedido se estende à necessidade de que os doadores e a comunidade internacional financiem as operações humanitárias e respondam às exigências urgentes da situação. Guterres enfatizou que, além de pressionar por um cessar-fogo duradouro e a libertação de todos os reféns, a comunidade internacional não deve agravar ainda mais a crise.
Questionado sobre a proposta de Trump para Gaza durante uma coletiva de imprensa no mesmo dia, o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, enfatizou que "qualquer deslocamento forçado de pessoas equivale a uma limpeza étnica". Dujarric também mencionou que Guterres se comunicou com o Rei Abdullah da Jordânia para discutir a situação da região.
A relatora especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos, Francesca Albanese, também se manifestou contra as declarações de Trump, qualificando-as como "não apenas ilegais, mas também imorais e irresponsáveis". Albanese criticou veementemente a ideia de que os EUA poderiam "assumir" ou "ser donos" de Gaza, afirmando que essa visão não considera os direitos legítimos do povo palestino.
A situação em Gaza continua a ser uma fonte de tensão internacional e preocupação humanitária, com a comunidade global observando de perto os desdobramentos e as respostas a essas declarações.