A crescente tensão entre os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, e a América Latina, abre oportunidades para a China, segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil. As ações do novo presidente americano, que incluem o congelamento de programas de ajuda e a ampliação da deportação de migrantes, contribuíram para um cenário de desconfiança e afastamento das lideranças latino-americanas em relação aos EUA. Oliver Stuenkel, professor na Fundação Getúlio Vargas e pesquisador do Carnegie Endowment for International Peace, observa que as ameaças de Trump, incluindo suas declarações sobre a Groenlândia e o Canal do Panamá, podem impulsionar esses países a buscar novos aliados, sendo a China uma das principais alternativas.
No último domingo, Trump anunciou punições para a Colômbia, estabelecendo tarifas elevadas sobre importações e ameaçando sanções financeiras. Essa retaliação foi decorrente do questionamento da nova política de imigração americana, levando os líderes latino-americanos a repensarem suas alianças. O embaixador da China em Bogotá, Zhu Jingyang, destacou a fortaleza das relações diplomáticas com a Colômbia, interpretada como uma sinalização de que a China está disposta a expandir sua presença na região.
David Castrillon Kerrigan, professor da Universidade Externado da Colômbia, ressalta que a presença chinesa na América Latina já é uma realidade há mais de duas décadas, com a China se tornando o principal parceiro comercial da América do Sul. As relações já estão estabelecidas e tendem a se intensificar independentemente de quem esteja no poder nos Estados Unidos. A retórica de Trump sobre imigração e suas ações contra organizações internacionais têm empurrado os países da região a diversificarem seus aliados, com a China se posicionando como uma opção viável e menos intervencionista.
Nos últimos anos, a China estabeleceu acordos de livre comércio com diversos países latino-americanos e continua a investir em projetos de infraestrutura e energia. Esses investimentos, além de fortalecerem os laços comerciais, também criam empregos e fomentam o desenvolvimento local. O Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Exportação e Importação são alguns dos principais credores da região, reforçando a interdependência econômica.
Sob a liderança de Xiomara Castro em Honduras e outros líderes latino-americanos, a região parece estar em busca de uma nova estratégia de cooperação em resposta às políticas de Trump. Essa busca por parcerias alternativas se torna ainda mais evidente considerando a oscilação da política externa americana, que gera incertezas e leva países latino-americanos a almejarem relações mais estáveis, como as oferecidas pela China. Com um foco em desenvolvimento, infraestrutura e questões sociais, a forma como a China se apresenta pode ser mais atraente para os países da região, especialmente em tempos de crise.
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