Em uma decisão inesperada, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a remoção de Doug Emhoff, esposo da vice-presidente Kamala Harris, do Conselho do Museu Memorial do Holocausto em Washington. O comunicado foi feito pelo próprio Emhoff em suas redes sociais nesta terça-feira, 29 de abril, e ocorre em um clima eleitoral conturbado, repleto de polarização e críticas em relação à politização de instituições históricas.
A exoneração de Emhoff, que foi nomeado por Joe Biden em janeiro de 2025 para o conselho de 63 membros, faz parte de um movimento mais amplo de substituições dos indicados da administração anterior. Em uma declaração, o advogado e primeiro "segundo cavalheiro" judeu na história dos EUA destacou que a memória do Holocausto "nunca deve ser politizada".
"Transformar uma das piores atrocidades da história numa questão de disputa é perigoso — e desonra a memória dos seis milhões de judeus assassinados", escreveu Emhoff.
A demissão de Emhoff acontece a poucos meses das eleições presidenciais, onde Trump e Harris são vistos como prováveis candidatos. Especialistas políticos apontam o gesto como uma tentativa de desgastar a imagem da vice-presidente, além de sinalizar apoio a grupos conservadores críticos das políticas identitárias e reafirmar o controle sobre instituições federais.
Estabelecido em 1980, o Museu Memorial do Holocausto destina-se a documentar e educar o público sobre o genocídio nazista. A nomeação de Emhoff foi interpretada como um reconhecimento de sua luta contra o antissemitismo. No entanto, sua demissão reacende discussões sobre como a história é utilizada em campanhas eleitorais.
Apesar da demissão, Emhoff afirmou que continuará seu trabalho no combate à discriminação contra judeus "por meio de outras frentes". Embora a Casa Branca ainda não tenha emitido uma declaração oficial sobre o ocorrido, fontes próximas à vice-presidência qualificaram o ato como uma "retaliação política".
Este episódio ilustra bem como a política americana se entrelaça com questões históricas e culturais, levantando importantes reflexões sobre a memória coletiva e os desafios da política contemporânea.