Os descontos em aposentadorias no Brasil dispararam nos últimos dois anos, quadruplicando de R$ 49,9 milhões em maio de 2022 para impressionantes R$ 220,7 milhões, de acordo com dados da Controladoria-Geral da União (CGU). Este aumento alarmante despertou a atenção das autoridades, levando à Operação Sem Desconto, realizada pela Polícia Federal em parceria com a CGU, que investiga um esquema massivo de desvios que podem ter alcançado a quantia de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
A Operação Sem Desconto, deflagrada na última quarta-feira, 23, teve como propósito investigar fraudes ligadas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Durante a ação, foram cumpridos 211 mandados em 13 estados e no Distrito Federal, além do afastamento cautelar de seis servidores públicos. As entidades implicadas na operação prometiam aos aposentados benefícios como descontos em academias e planos de saúde. Entretanto, várias delas não possuíam a estrutura necessária para oferecer tais serviços, levantando sérias questões sobre a legitimidade dos acordos.
As investigações da CGU descobriram que havia falhas críticas no processo de verificação de autorizações para os descontos, além de indícios de falsificação de documentos. Um significativo número de vítimas englobava pessoas com deficiência, que possuíam limitações legais para serem signatários de termos de filiação. Por meio de uma auditoria que analisou 1.273 aposentados e pensionistas do INSS, a CGU constatou que 97,6% dos entrevistados afirmaram não ter consentido com os descontos e 95,9% asseguraram que nunca foram associados a qualquer entidade.
Em decorrência das irregularidades, 11 entidades tiveram seus acordos com o INSS suspensos por decisão judicial. As investigações da CGU e da Polícia Federal permanecem em curso, com o intuito de desmantelar completamente o esquema fraudulento e assegurar que os responsáveis sejam responsabilizados. É importante notar que os descontos aplicados sobre os benefícios dos aposentados e pensionistas aumentaram em 119% em 2024 comparado ao ano anterior, evidenciando uma ascensão alarmante contínua desde 2020, o que acende um sinal de alerta para as autoridades e para a sociedade.