Em Londres, os funcionários da Google DeepMind estão se unindo para formar um sindicato, impulsionados por preocupações éticas e ideológicas sobre a aplicação de suas tecnologias de inteligência artificial (IA) em cenários militares. A mobilização, que envolve cerca de 300 colaboradores, visa contestar a decisão da empresa de comercializar suas inovações de IA para grupos de defesa com vínculos ao governo de Israel.
A principal razão para essa iniciativa de sindicalização é a apreensão de que as tecnologias desenvolvidas pela DeepMind possam ser utilizadas em conflitos bélicos, como a recente guerra em Gaza. Esse uso levanta importantes questões sobre a ética na aplicação da inteligência artificial em operações militares, com potencial para causar danos significativos.
Além disso, a mudança na postura da Google, que abandonou seu compromisso de 2018 de evitar a utilização de IA em sistemas militares ou de vigilância que poderiam causar danos generalizados, tem alimentado a insatisfação dos funcionários. Para muitos, essa alteração é vista como uma violação do ethos original da DeepMind, que tinha como objetivo "resolver a inteligência para o avanço da humanidade".
Caso a sindicalização seja bem-sucedida, os trabalhadores exigirão que a Google cancele seus contratos relacionados à defesa militar. Caso a empresa persista em seus negócios com o setor militar, os funcionários terão o direito legal de entrar em greve. A resposta da Google a essa mobilização ainda não foi divulgada, mas a situação já está gerando preocupações entre investidores e comprometendo a reputação da empresa.
A atual crise também é acompanhada por um significativo exílio de funcionários, com pelo menos cinco renúncias em 2025 motivadas por questões éticas relacionadas. Adicionalmente, 28 colaboradores foram demitidos em 2024 após protestos contra contratos com interesses militares, intensificando a percepção de que a empresa está priorizando lucros em detrimento de princípios morais.
A movimentação dos trabalhadores da DeepMind reflete uma tendência crescente nas indústrias tecnológicas, onde os colaboradores estão demandando melhores condições de trabalho e representação. A sindicalização em curso representa um momento crucial na transformação da indústria de IA, ressaltando a urgência de uma abordagem mais ética no desenvolvimento e utilização dessas tecnologia.