Dimitri Payet, meia do Vasco da Gama, enfrenta um turbilhão de acusações envolvendo práticas de agressão física e psicológica cometidas contra Larissa Ferrari, advogada de 28 anos. O caso é investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, após denúncia registrada em março de 2025. No depoimento, ele nega as violências e caracteriza a relação como baseada em consensualidade.
Em um relato à DEAM, Payet confirmou que manteve um relacionamento extraconjugal com Larissa entre agosto de 2024 e março de 2025, mas rejeitou as alegações de agressão. Ele descreveu a dinâmica do casal como "baseada em fetiches mútuos", detalhando práticas sexuais que incluíam Larissa vestida de noiva e atividades que envolviam urina. Por outro lado, Larissa acusa o jogador de abusar de sua condição emocional, alegando que ele impôs humilhações e coerções durante a relação.
Segundo Larissa, uma das situações mais constrangedoras envolveu a ingestão de sua própria urina e ações degradantes como colocar a cabeça no vaso sanitário. Diante disso, Payet se defende, afirmando que os hematomas presentes em Larissa foram consequência de "tapas consensuais nas nádegas", parte de uma negociação de atividades sadomasoquistas entre os dois.
A advogada, em depoimento, descreveu também a utilização de chantagem emocional por parte de Payet para obter vantagens sexuais, sabendo da sua fragilidade psicológica. Enquanto a defesa do jogador insiste que tudo foi acordado previamente, Larissa adota a posição de que a violência sexual se camuflou sob o pretexto de fetiche.
Os impactos psicológicos do relacionamento têm sido profundos, com Larissa relatando que sua vida mudou drasticamente após a experiência. Atualmente, ela está sob tratamento psiquiátrico e afirma que as consequências do relacionamento a acompanharão por um longo tempo. O caso continua sob investigação, com a polícia analisando mensagens trocadas entre eles e laudos médicos que comprovem as lesões apresentadas.
Embora o Vasco da Gama não tenha emitido um posicionamento oficial, fontes ligadas ao clube expressam preocupação com as repercussões destas acusações, tendo em vista a pressão da mídia e o impacto na reputação do atleta. Além disso, especialistas em direito e casos de consentimento sexual comentam sobre a complexidade deste tipo de situação. Receberam destaque questões relacionadas à linha tênue que separa o fetiche do abuso, enfatizando a importância do consentimento a qualquer momento e enfatizando a capacidade de um indivíduo de revogar esse consentimento a qualquer instante.
O depoimento de Payet menciona que a anuência de Larissa era explícita, enquanto a parte acusatória argumenta que os laudos psicológicos podem contradizer a narrativa do atleta, trazendo à tona debates cruciais sobre direitos e consentimentos em relações de natureza sexual.
"A linha entre fetiche e abuso depende da capacidade de revogação do consentimento a qualquer momento", explica a advogada criminalista Ana Paula Braga.
O desdobrar deste caso levantará questões importantes não apenas sobre o comportamento individual, mas sobre a forma como a sociedade e o sistema legal percebem e lidam com práticas sexuais consensuais que cruzam a linha do convencional.