Jovens transgênero nos Estados Unidos estão enfrentando uma série de restrições severas sob o governo Trump, em um contexto marcado por políticas que têm afetado fortemente a vida cotidiana dessa população. Desde a suspensão da emissão de documentos de identidade com gênero neutro até as limitações no acesso a tratamentos médicos essenciais, estas medidas ampliam a repressão que já vinha sendo observada nos primeiros meses do governo.
A emissão de documentos com o marcador de gênero neutro, conhecido como "X", foi uma das primeiras vítimas das novas políticas, com a decisão de Trump de restringir o reconhecimento a apenas duas opções: masculino e feminino. Lorelei Crean, uma adolescente de 17 anos, expressa sua indignação, afirmando que "minha existência está em desacordo com a declaração de Trump". Tal mudança invalidou as políticas mais progressistas implementadas em alguns estados, resultando em um retrocesso significativo nos direitos de reconhecimento de gênero.
Mais recentemente, o Departamento de Justiça entrou com uma ação contra o estado do Maine, que permitiu a participação de atletas trans em competições femininas. Essa ação está associada à ameaça de corte de verbas federais, além de uma ordem executiva que proíbe tratamentos de afirmação de gênero para menores de 19 anos em instituições que recebem financiamento governamental. Trump não hesita em pressionar o Comitê Olímpico Internacional para rever suas regras sobre atletas trans até os Jogos Olímpicos de 2028.
Em resposta a esse ambiente hostil, jovens como Lorelei estão se tornando ativistas em tempo integral. A pressão constante para se mobilizar em protestos se tornou parte de sua rotina. Lorelei compartilha: "Sinto como se tivesse que ir a alguma coisa toda semana". Organizações LGBTQIA+ estão se preparando para ações judiciais visando contestar essas medidas discriminatórias, enquanto a campanha de Trump tem investido milhões em anúncios contrários aos direitos trans.
Essas medidas não são apenas reações a questões sociais; elas fazem parte de uma estratégia eleitoral mais ampla que Trump vem utilizando desde sua campanha para as eleições de 2024. A retórica anti-trans promete mobilizar sua base, reforçando uma "guerra cultural" que deslegitima a diversidade de gênero e promove um clima de discriminação institucionalizada contra a comunidade trans, conforme alertam especialistas.
A resistência continua a crescer, com manifestações regulares em apoio aos direitos trans. Apesar da pressão do governo federal, as vozes de jovens ativistas como Lorelei estão se tornando cada vez mais visíveis. A luta pelos direitos e reconhecimento deve seguir firme, não apenas como uma questão de identidade, mas como uma questão de direitos humanos fundamentais.