O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou uma acusação formal contra José Enrique Martínez Flores, conhecido como "Chuqui", de 24 anos, suposto líder do Tren de Aragua. A denúncia ocorreu no dia 24 de abril de 2025, no Distrito Sul do Texas, e inclui, pela primeira vez, uma acusação de terrorismo associada ao narcotráfico.
A acusação alega que Martínez Flores forneceu apoio material a uma organização terrorista, além de ter distribuído cocaína da Colômbia para os EUA. O Tren de Aragua, que se originou em uma prisão venezuelana, foi classificado como uma organização terrorista global pelos EUA em fevereiro de 2025. Esta designação se deu em um contexto em que o grupo expandiu suas operações ilícitas para países como Colômbia, Chile e EUA, envolvendo tráfico humano, extorsão e homicídios sob a liderança de figuras como o foragido Héctor Guerrero.
A revelação das acusações contra "Chuqui" marca um ponto crucial na estratégia do governo dos EUA de combate ao criminalidade associada ao Tren de Aragua. As acusações contra ele incluem cinco crimes, destacando-se a distribuição de cocaína e o fornecimento de apoio a organizações terroristas.
Respondendo a este cenário, o ex-presidente Donald Trump implementou medidas rigorosas contra o grupo, utilizando a Lei de Inimigos Estrangeiros para deportar mais de 200 migrantes venezuelanos. Trump culpou o regime de Nicolás Maduro pela "invasão" de membros do Tren de Aragua no território americano, enfatizando a urgência em neutralizar essa ameaça.
Nos Estados Unidos, a preocupação com essa organização se intensificou após relatos de tiroteios em Colorado, envolvendo agentes armados. A falta de uma estrutura formal do Tren de Aragua nos EUA, embora os crimes perpetrados, como tráfico de pessoas e agressões a policiais, sejam atribuídos a seus membros, continua a gerar apreensão entre as autoridades.
O Departamento de Estado dos EUA está oferecendo uma recompensa de US$ 12 milhões por informações que levem à captura dos líderes da gangue, como Guerrero e Giovanny San Vicente, supostamente escondidos na Colômbia. No entanto, a falta de cooperação internacional e a fragilidade institucional da Venezuela têm dificultado os esforços de combate ao crime organizado.
A acusação contra Martínez Flores também ocorre em um contexto de elevada tensão entre os EUA e a Venezuela. Especialistas sugerem que o Tren de Aragua pode se constituir em uma ameaça transnacional, análoga aos cartéis de drogas mexicanos.
Os próximos passos envolvem a resposta de Martínez Flores ao processo judicial no Texas. Além disso, as autoridades americanas pretendem buscar maior cooperação com a Colômbia para desmantelar as rotas de narcotráfico que facilitam as operações da gangue. Este caso pode estabelecer precedentes para futuras ações legais contra organizações criminosas sob a legislação de terrorismo.
"Estamos enfrentando uma nova dinâmica no combate ao terrorismo, onde organizações criminosas estão se entrelaçando com atividades terroristas", disse um oficial do Departamento de Justiça.