A Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia deu início a uma semana de audiências focadas nas obrigações humanitárias de Israel em relação à população civil na Faixa de Gaza. O bloqueio de ajuda humanitária, que já dura mais de 50 dias, foi intensificado após o término de um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns em março. Essa solicitação para as audiências partiu da Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro, liderada pela Noruega. Embora Israel tenha decidido não participar do processo, 40 países, junto a quatro organizações internacionais, estão programados para apresentar seus argumentos durante as sessões.
O bloqueio de ajuda humanitária tornou-se mais severo após a incursão do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas e na captura de 251 reféns em Israel. Desde o início desta crise, a situação humanitária na região se deteriorou drasticamente. Recentemente, o Programa Mundial de Alimentos anunciou que seus estoques de comida na Faixa de Gaza haviam se esgotado devido à restrição prolongada nas fronteiras.
A comunidade internacional manifestou opiniões divergentes sobre o bloqueio. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, criticou as audiências, declarando que a CIJ está se tornando "completamente politizada" e que o processo é "vergonhoso". Em contraste, o presidente dos EUA, Donald Trump, fez uma pressão sobre o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para que permitisse a entrada de mais alimentos e medicamentos na Gaza, evidenciando a preocupação de lideranças mundiais com a grave situação humanitária.
As audiências da CIJ incluirão argumentos de países como EUA, China, França, Rússia e Arábia Saudita, além de organizações como a Liga Árabe e a União Africana. A resolução da Assembleia Geral da ONU solicita uma opinião consultiva sobre as obrigações legais de Israel para assegurar a entrega ininterrupta de suprimentos essenciais à população civil palestina. Essas audiências são vistas como um passo importante para esclarecer as responsabilidades legais de Israel perante a comunidade internacional e as agências da ONU.
A prolongada falta de acesso a alimentos, medicamentos e outros suprimentos essenciais resultou em uma crise humanitária grave em Gaza. Muitas famílias enfrentam dificuldades extremas para alimentar seus filhos, e a situação tende a se agravar à medida que o bloqueio se intensifica. As audiências na CIJ representam um marco significativo na busca por soluções relativas à crise humanitária vigente na região.