Nos primeiros 100 dias de seu governo, Donald Trump tem desafiado abertamente as instituições judiciais dos Estados Unidos, arriscando uma crise constitucional sem precedentes. Ele desrespeitou ordens judiciais, promoveu deportações em massa de migrantes para prisões em El Salvador e propôs mudanças controversas nas leis da cidadania.
A crise se intensificou no dia 15 de março, quando o juiz federal James Boasberg apontou que o governo ignorou intencionalmente sua decisão que proibia a deportação de venezuelanos, utilizando a Lei de Inimigos de 1798. Essa lei levou cerca de 200 migrantes a serem enviados para uma prisão de segurança máxima, sem que lhes fosse garantido o direito de defesa. Mesmo após a intervenção da Suprema Corte em 7 de abril, que condicionou a aplicação da lei ao direito ao contraditório, o governo manteve a medida, o que provocou forte reação.
A situação se agravou quando a Casa Branca divulgou nas redes sociais uma imagem zombando da decisão que ordenava a volta de Kilmar Ábrego Garcia, um salvadorenho deportado. O ex-juiz federal John Jones, em entrevista à CNN, expressou sua indignação: "Nunca vi tamanho desrespeito por parte do Departamento de Justiça".
Além disso, Trump atacou duramente instituições acadêmicas, como Harvard, ameaçando cortar verbas federais e acabar com isenções fiscais, acusando a universidade de ser um centro de "doutrinação esquerdista". Em meio a esta retórica, ele também criticou juízes, classificando suas decisões contrárias como "abusos de autoridade". Ele se queixou das restrições impostas pela Suprema Corte, mesmo com sua composição amplamente conservadora, detalhando um raro confronto com setores jurídicos do próprio Partido Republicano.
A proposta para abolir a 14ª Emenda da Constituição, que assegura a cidadania a todos os nascidos nos Estados Unidos, surge como um novo ponto de discórdia. Especialistas já consideram essa medida como inconstitucional e alerta para o fato de que isso reflete uma agenda prioritária de Trump para limitar direitos migratórios, não hesitando em desafiar as estruturas legais do país.
Em decorrência do desrespeito às ordens judiciais, o juiz Boasberg mencionou a possibilidade de “presunção de desacato ao tribunal”. Analistas temem que a crise atual possa ser comparada a episódios autoritários da história dos EUA. O aumento da hashtag #martiallaw nas redes sociais, embora sem fundamento, indica um clima de crescente tensão política, acentuado pelas ações do presidente.
O deslocamento de Trump em relação aos limites do poder executivo e sua postura contra a Justiça estão levantando questões sérias sobre os mecanismos de freios e contrapesos no governo. Com o Congresso paralisado e a Suprema Corte dividida, especialistas alertam sobre os riscos de uma erosão democrática que pode ter consequências duradouras.
\n*Contexto midiático:* *Imagem sugerida (sem src disponível):* Manifestantes segurando cartazes "Protejam a 14ª Emenda" em frente à Suprema Corte. *Vídeo embedado:* *(URL fictícia para ilustração)*
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