Em uma ação que destaca a crescente pressão sobre a indústria de auditoria no Reino Unido, o Financial Reporting Council (FRC) anunciou uma investigação sobre a Ernst & Young (EY) em relação aos seus trabalhos de auditoria nas contas da Post Office Limited. A motivação para essa decisão está relacionada ao escândalo do sistema de tecnologia da informação Horizon, que resultou na condenação injusta de centenas de sub-postmasters devido a falhas no software desenvolvido pela Fujitsu. O FRC está focando nos anos fiscais que começaram em 29 de março de 2015, 27 de março de 2016, 26 de março de 2017 e 25 de março de 2018.
O escândalo envolvendo o sistema Horizon ganhou notoriedade recentemente, especialmente após a dramatização veiculada pela ITV, que trouxe à tona as injustiças enfrentadas por sub-postmasters. Em resposta a essa controvérsia, o governo britânico comprometido a destinar £1,8 bilhões para compensar as vítimas. Além disso, a Post Office já havia concordado em pagar £57,7 milhões em um acordo judicial anterior.
A investigação em curso visa averiguar se a EY cumpriu os padrões de auditoria que eram aplicáveis no período em questão, focando em sua adesão a regulamentações e não nos problemas específicos do sistema Horizon. O FRC tomou a decisão de iniciar essa avaliação após o encerramento das audiências públicas do Inquérito sobre o escândalo do Horizon, iniciado em 2022. A intervenção foi justificada pela necessidade de um "aumento do interesse público" no caso, mesmo que a Post Office não seja considerada, para fins regulatórios, uma entidade de interesse público.
Além da investigação relacionada à Post Office, a EY é alvo de outras ações regulatórias. Recentemente, o FRC aplicou sanções à Ernst & Young e ao seu sócio de engajamento, Christopher Voogd, por violações relacionadas à rotação obrigatória de firmas de auditoria em uma entidade de interesse público. A EY admitiu as falhas cometidas e se comprometeu a implementar medidas corretivas.
A investigação do FRC sobre a EY sinaliza uma crescente pressão por maior transparência e responsabilidade na indústria de auditoria. Com o governo britânico comprometido em compensar as vítimas do escândalo do Horizon, a atenção se concentra no papel vital dos auditores na prevenção de tais ocorrências. A decisão do FRC de investigar, mesmo sem a Post Office ser uma entidade de interesse público, ressalta a gravidade do escândalo e a urgência por reformas abrangentes na indústria de auditoria britânica.