Taiwan e os Estados Unidos deram um passo significativo em suas relações comerciais ao realizar na última sexta-feira suas primeiras negociações sobre tarifas. As conversas, que ocorreram por videoconferência, abordaram não apenas tarifas recíprocas, mas também barreiras não tarifárias e outras questões econômicas relevantes, como os controles de exportação. A reunião acontece em um cenário em que Taiwan enfrenta uma tarifa de 10% sobre suas exportações destinadas aos EUA, com a expectativa de diminuir essa carga para zero.
As negociações entre Taiwan e os Estados Unidos são consideradas fundamentais, especialmente após a gestão do ex-presidente Donald Trump ter imposto tarifas sobre diversos países, incluindo Taiwan. Recentemente, o ex-presidente ordenou a prorrogação por três meses das penalidades tarifárias para vários parceiros comerciais, exceto a China, em um contexto de perdas significativas nos mercados globais.
Taiwan, um dos principais produtores de semicondutores do mundo, está em busca de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Este objetivo é especialmente relevante, considerando que os EUA são o principal aliado internacional da ilha e seu maior fornecedor de armas, apesar da ausência de laços diplomáticos formais. Em 2024, Taiwan se posicionou como o sétimo maior parceiro comercial dos EUA, registrando um déficit comercial de impressionantes US$ 73,9 bilhões.
As metas das atuais negociações incluem não apenas a redução das tarifas para zero, mas também um aumento nas compras e investidas americanas em Taiwan. Além disso, as partes pretendem eliminar barreiras não tarifárias que dificultam o comércio bilateral. Taiwan está disposto a abordar questões complexas como a "lavagem de origem", uma prática onde empresas falsificam a origem de seus produtos para escapar de penalidades comerciais.
As consequências das tarifas sobre a economia taiwanesa têm sido consideráveis, com o índice TAIEX enfrentando uma queda histórica devido à incerteza nas relações comerciais com os EUA. A indústria de semicondutores, que representa cerca de 60% das exportações de Taiwan para o mercado americano, é particularmente vulnerável a estas mudanças, embora os chips tenham sido excluídos das novas tarifas impostas durante a administração Trump.
Ao final da reunião, ambos os lados expressaram otimismo em relação às próximas etapas das discussões, que visam estabelecer uma relação econômica e comercial robusta e estável. As futuras rodadas devem aprofundar as propostas apresentadas por Taiwan e discutir um regime de tarifa zero, além de promover uma cooperação econômica ainda mais estreita entre as partes.