Na quinta-feira, 10 de abril, Brasília foi palco de um protesto marcante que culminou em tensão e confrontos, gerando uma resposta imediata do Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF). Durante a manifestação intitulada "A Resposta Somos Nós", milhares de indígenas se reuniram em frente ao Congresso Nacional, exigindo visibilidade e respeito a seus direitos.
A marcha, parte do Acampamento Terra Livre, atraiu mais de sete mil lideranças de todo o Brasil. Apesar de um acordo estabelecido para que os manifestantes permanecessem na Avenida José Sarney, a situação se agravou quando parte do grupo avançou em direção ao Congresso. As forças de segurança, temendo uma invasão, dispararam bombas de efeito moral e utilizaram spray de pimenta, resultando em ferimentos e caos.
A deputada Célia Xakriabá, do PSOL-MG, ficou entre os atingidos, sendo obrigada a buscar atendimento médico devido à inalação do gás lacrimogêneo. A gravidade da situação levou os órgãos de controle a intervir; assim, o MPF-DF e o Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF) abriram investigações sobre possíveis abusos das forças policiais durante o incidente.
Conflito e Repercussões
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) se manifestou, negando as alegações de que houve uma tentativa deliberada de invasão ao Congresso. De acordo com a organização, o avanço dos indígenas foi uma reação espontânea e pacífica à repressão. A Câmara dos Deputados e o Senado, por sua vez, justificaram a ação da polícia como uma medida necessária para garantir a segurança da área, mas também enfatizaram a importância de respeitar manifestações pacíficas.
Com a apreensão de imagens das câmeras de segurança solicitadas pelo MP-DF, a investigação promete trazer à tona os reais responsáveis pela violência no evento. O MPF-DF, por meio de uma apuração preliminar, busca compreender a dinâmica do ocorrido e as respectivas responsabilidades legais.
Contexto dos Protestos
Este protesto se insere em um contexto mais amplo de reivindicações dos povos indígenas no Brasil, que frequentemente lutam por reconhecimento, proteção de seus direitos e terras. A violência policial durante a manifestação não apenas levantou preocupações entre os manifestantes, mas também entre defensores dos direitos humanos e membros da sociedade civil.
A deputada Célia Xakriabá, além de ter registrado a queixa no Departamento de Polícia Legislativa da Câmara, representa um símbolo da resistência e da necessidade de discussão sobre os direitos dos indígenas e a proteção contra abusos. A mobilização popular continua a crescer, levantando questionamentos críticos sobre as políticas de segurança e a necessidade de um diálogo mais respeitoso entre o Estado e as comunidades indígenas.
À medida que as investigações do MP progridem, a expectativa é que novas revelações possam alterar o entendimento sobre o uso da força durante as manifestações e estimular discussões sobre melhor proteção aos direitos dos povos indígenas no Brasil.