O conceito de incel, abreviação de "celibatário involuntário", emergiu nos anos 1990 como um espaço para discutir as dificuldades enfrentadas na busca por relacionamentos românticos e sexuais. No entanto, essa sigla se transformou ao longo do tempo, sendo apropriada principalmente por homens que se sentem excluídos da sociedade e frustrados com suas interações com mulheres.
Fundado em 1993 por Alana, uma estudante canadense, o termo inicialmente tinha um propósito de apoio, buscando reunir pessoas que, devido à timidez ou outras dificuldades sociais, enfrentavam barreiras para construir relacionamentos afetivos. A intenção era criar um ambiente acolhedor, distante das reivindicações que marcam o discurso atual sobre a comunidade incel.
Com o passar dos anos, a definição de incel começou a incluir um viés de misoginia, espelhando um sentimento de frustração e ressentimento que brota da sensação de rejeição. Este descontentamento se transforma em um espaço de troca de ideias radicais e, muitas vezes, perigosas. Nesses fóruns online, uma ideologia distorcida emerge, culpando as mulheres pela exclusão sentida por esses homens.
A crença central da comunidade incel é a chamada "hipergamia", que propõe que as mulheres são biologicamente programadas a selecionar parceiros com características físicas superiores, relegando os homens considerados "betas" e "omegas" à solidão. Essa retórica é fortemente alimentada por um desprezo pelo feminismo, que é visto como um catalisador para o empoderamento feminino que exclui esses homens de oportunidades de relacionamentos.
As convicções extremistas dentro da comunidade incel não são meras opiniões; elas contribuem para a normalização de comportamentos violentos. Tragédias notáveis, como o massacre de Isla Vista em 2014 e o ataque em Toronto em 2018, trazem à luz os riscos associados a essa ideologia. Tanto Elliot Rodger quanto Alek Minassian se identificaram como incels e perpetraram esses atos de violência, galvanizando a ideia de que essa comunidade representa uma ameaça à sociedade.
Num esforço para desmantelar a ideologia incel, especialistas sugerem medidas educacionais, como alfabetização digital e promoção do pensamento crítico. Tais abordagens podem atuar como barreiras contra a propagação do extremismo, oferecendo alternativas positivas a potenciais aderentes. A criação de espaços de diálogo seguro e saudável é essencial para neutralizar a misoginia e a violência, promovendo uma discussão mais construtiva sobre questões sociais complexas.