Em um evento realizado na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que não teve qualquer participação nos atos que ocorreram em 8 de janeiro de 2023, quando uma multidão invadiu prédios públicos em Brasília. Ele classificou esses eventos como um "teatro armado" e reiterou sua posição de defesa para os que foram acusados de envolvimento nos atos antidemocráticos.
Bolsonaro, réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta tentativa de fomentar um golpe de Estado, enfatizou que, na época dos tumultos, estava nos Estados Unidos e não poderia ter participado dos eventos. Sua defesa argumenta que a acusação não conseguiu apresentar evidências concretas que comprovem seu envolvimento. No entanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Bolsonaro tinha ciência de um plano para realizar um golpe e tinha acesso a um rascunho de um decreto que visava reverter o resultado das eleições de 2022.
A defesa do ex-presidente contesta a narrativa da acusação, apontando que até mesmo os relatórios da Polícia Federal não mencionam qualquer ligação direta dele com os atos de 8 de janeiro. Em meio a esse cenário, Bolsonaro demonstrou confiança no sistema judiciário, apesar de criticar o que considera ser uma "perseguição político-judicial". Durante o evento, ele ironizou a prisão de diversos cidadãos, incluindo um pipoqueiro e um sorveteiro, insinuando que chamar os eventos de 8 de janeiro de uma tentativa de golpe seria uma afirmação "somente de um psicopata".
Outra questão polêmica levantada por Bolsonaro é a defesa da anistia aos envolvidos nos eventos que eclodiram em janeiro, defendendo a necessidade de perdão legal em manifestações que, segundo ele, refletiam a insatisfação popular. No discurso na Avenida Paulista, ele fez questão de destacar o caso de Débora Rodrigues dos Santos, uma cabelereira que foi presa após pichar uma estátua em frente ao STF, ressaltando que a anistia deve ser estendida a todos aqueles que, de alguma forma, se viram implicados na abordagem violenta daquele dia.
Bolsonaro acredita que, se estivesse no Brasil durante os acontecimentos, poderia ter enfrentado prisão por sua suposta conexão aos atos de 8 de janeiro. No entanto, sua viagem aos EUA antes do ocorrido o impediu de ser detido. Essa situação destaca a tensão política em vésperas de um período eleitoral, onde as discussões sobre justiça e anistia permeiam o debate público e político do país.
A situação atual revela um Brasil dividido, onde as repercussões dos eventos de 8 de janeiro ainda impactam o debate político e judicial. A defesa de Bolsonaro continua a se posicionar contra as alegações de tentativa de golpe, evidenciando a polarização existente na sociedade e os desafios enfrentados pelo sistema judiciário ao lidar com as questões de responsabilidade e anistia em um contexto tão delicado.