O deputado federal Glauber Braga, do PSOL-RJ, completou na madrugada desta quarta-feira, 16 de abril de 2025, uma intensa semana de greve de fome. Este ato radical é um protesto contra um processo que pode resultar em sua cassação na Câmara dos Deputados. A decisão pela greve foi provocada após a aprovação, por 13 votos a 5, de um parecer do Conselho de Ética, que recomenda a perda de seu mandato.
Glauber, que se considera alvo de uma profunda perseguição política, aponta para a interferência do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como um dos fatores por trás do processo que o atinge.
O motivo central da greve de fome está relacionado a acusações de quebra de decoro parlamentar, que o deputado teria cometido ao agredir um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) em 2024. Este incidente ocorreu durante uma discussão acalorada que culminou na expulsão do militante do recinto da Câmara. Desde este evento, um processo de cassação foi instaurado e, recentemente, o Conselho de Ética tomou a decisão que acirrou ainda mais a situação de Glauber.
Desde o início do jejum, a saúde de Glauber Braga tem registrado um rápido declínio. Com acompanhamento médico constante, o parlamentar já perdeu 4,6 quilos. Ele tem permanecido em um dos plenários da Câmara e, sobre orientação médica, o número de visitantes foi rigidamente controlado, visando evitar maiores complicações em sua saúde. Apesar das restrições, o deputado fez questão de participar de um evento com estudantes, desafiando os alertas de sua equipe de saúde.
Aliados de Glauber estão engajados em buscar uma solução política para impedir sua cassação. A deputada Sâmia Bomfim, também do PSOL, expressou sua esperança em uma possível negociação entre as lideranças da Câmara, com o intuito de encontrar uma alternativa menos severa à punição. Ela sublinhou a desproporcionalidade da medida e a importância de considerar as condições humanas enfrentadas por Glauber.
A greve de fome adotada por Glauber Braga não é apenas um ato de resistência pessoal; trata-se também de um apelo à reflexão sobre as condições políticas e éticas no âmbito da Câmara dos Deputados. Especialistas enfatizam que o jejum prolongado expõe o deputado a riscos graves à saúde, incluindo a possibilidade de neuropatia e falência de órgãos. Ao declarar que se alimenta da solidariedade do público, ele busca angariar apoio e aumentar a conscientização sobre sua situação crítica.
O processo de cassação a que Glauber está submetido ainda pode ser contestado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se o recurso for aceito, o caso será finalmente levado ao plenário, onde a decisão definitiva ocorrerá. Glauber permanece resoluto em sua resistência, determinado a lutar contra o que considera uma injustiça e uma estratégia para silenciá-lo politicamente.
A situação vivenciada por Glauber Braga reflete as atuais tensões políticas no Brasil e levanta importantes questões sobre ética e justiça dentro do sistema legislativo. O desfecho deste caso poderá trazer impactos significativos, não só para o deputado, mas para a dinâmica política em todo o país.