O ex-cardeal Theodore McCarrick, uma figura polarizadora na Igreja Católica, faleceu aos 94 anos em Missouri. Sua morte ocorre em meio a um legado repleto de acusações de abuso sexual que o levaram a ser defrocked em 2019, após investigações que confirmaram várias alegações de conduta imprópria tanto com menores quanto com adultos.
McCarrick, que ocupou o cargo de arcebispo de Washington entre 2000 e 2006, foi um dos cardeais mais influentes dos Estados Unidos e conhecido por suas habilidades em arrecadar fundos. No entanto, sua trajetória e ascensão na hierarquia da Igreja foram marcadas por um silêncio preocupante em relação às suas ações e comportamentos.
Ordenado padre em 1958, McCarrick escalou rapidamente a hierarquia da Igreja, assumindo posições como bispo de Metuchen e arcebispo de Newark, antes de ser promovido a cardeal por João Paulo II em 2001. Contudo, em 2018, o cenário mudou drasticamente quando um número crescente de denúncias de abuso sexual contra ele veio à tona, levando a uma crise de credibilidade na Igreja Católica.
O arcebispo atual de Washington, Robert McElroy, comentou sobre a morte de McCarrick, destacando a importância de orações pelos que sofreram sob seu ministério. "Estou especialmente ciente daqueles que ele prejudicou durante seu ministério sacerdotal", disse McElroy, ressaltando o impacto duradouro das ações de McCarrick sobre as vítimas.
O legado de Theodore McCarrick levanta questões sérias sobre a maneira como a Igreja Católica tem lidado com acusações de abuso sexual. O fato de que ele permaneceu em altas posições por tanto tempo, mesmo diante de denúncias, evidencia falhas sistêmicas que precisam ser abordadas. O movimento SNAP, que representa os sobreviventes de abuso por clérigos, expressou insatisfação com a falta de justiça em relação a McCarrick, salientando que as vítimas ainda vivem com os efeitos de seus atos.
"Ainda estamos aqui, ainda vivendo com o dano que ele causou — e com a falha da Igreja em impedi-lo", afirmou Peter Isely, fundador da SNAP. A morte de McCarrick, portanto, não pode ser vista como um encerramento, mas sim como um novo começo para uma discussão necessária sobre responsabilidade e prevenção dentro da Igreja.
Enquanto o debate sobre como a Igreja deve lidar com os casos de abuso sexual continua, a tristeza e a dor das vítimas permanecem presentes, clamando por ações concretas e mudanças estruturais que garantam que situações semelhantes não voltem a ocorrer.