No último domingo, 30 de março de 2025, diversas organizações de esquerda mobilizaram manifestações em oito capitais brasileiras para contestar o projeto de lei que propõe anistia aos condenados por atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes. Dentre as entidades que lideraram os protestos, destacam-se o Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, que conduziram os atos em cidades como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Recife.
Essas manifestações surgiram em resposta a um evento recente do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se tornou réu no Supremo Tribunal Federal por sua participação em uma suposta trama golpista. Na ocasião, Bolsonaro, em um ato realizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, em 16 de março, defendeu abertamente a anistia aos envolvidos nos distúrbios do início de 2023, o que gerou revolta entre os segmentos mais críticos do cenário político.
As concentrações ocorreram em várias partes do Brasil. Em São Paulo, por exemplo, a manifestação teve início na emblemática Avenida Paulista e seguiu até a antiga sede do DOI-CODI, um local que simboliza a repressão durante a ditadura militar. Os manifestantes exibiram faixas com mensagens contundentes como 'sem anistia para golpistas' e 'democracia sempre', reforçando suas demandas por justiça.
Outras cidades, como Fortaleza, Belém e Recife, também presenciaram manifestações movimentadas, onde discursos fervorosos rejeitaram a ideia da anistia e se firmaram na defesa da democracia. No Rio de Janeiro, embora a manifestação não tenha sido de grande porte, uma bandeira com a frase 'sem anistia para quem ataca a democracia' foi exposta nos Arcos da Lapa, simbolizando a resistência.
Os organizadores, liderados por Guilherme Boulos do PSOL, enfatizaram a necessidade de manter um espaço nas ruas contra a ascensão do bolsonarismo, independentemente do número de participantes, uma estratégia que visa manter a pressão sobre os governantes. Em contraposição, deputados de direita reagiram com ironia, comentando sobre a quantidade reduzida de presença em algumas localidades, embora a mobilização tenha sido significativa em outras.
Os atos coincidiram com a véspera do 61º aniversário do golpe militar de 1964, uma escolha estratégica que reforçou a mensagem de proteção à democracia e a rejeição a qualquer tipo de anistia que possa estimular potenciais tentativas de golpes futuros. Essa intersecção entre histórico e atualidade evocou um forte sentimento de urgência entre os manifestantes, que se mostram cada vez mais vigilantes e resistentes.
Com o cenário político em transformação e o retorno de discursos polêmicos por figuras como Bolsonaro, os próximos passos dos movimentos sociais continuarão a repercutir em um país que busca solidificar suas conquistas democráticas, sempre atentos a ameaças que possam surgir no horizonte.